Rio de Janeiro – O coordenador de pós-graduação em Planejamento Energético da Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, defendeu hoje (20), em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, a necessidade de investimentos em gás natural. ?Nós já vivemos um problema hoje de falta de gás natural para a geração de energia, que não tem nada a ver com o problema da Bolívia. Tem a ver com o descompasso no número de usinas termelétricas que foram instaladas, também desordenadamente, e o gás natural disponível. Caso seja necessário ligá-las não há gás natural?, alertou.
Para o professor, a transferência de gás natural das indústrias ou do consumidor residencial para as usinas não vai resolver o problema. ?Aí é se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Isso não é uma solução. Nós precisamos ter o gás natural. Isto é uma equação que precisa ser resolvida?, disse.
Na avaliação de Pinguelli, em um país com característica de energia hidrelétrica, as térmicas são feitas para complementar a hidroeletricidade. ?Elas têm que ficar desligadas. Por isso precisam ter um contrato para pagar só quando é necessário e não é esse o contrato. Os contratos existentes hoje são de pagar o gás natural o tempo todo, mesmo que não use. Tudo por causa do tipo de contrato que temos com a Bolívia. Ou seja, é uma confusão, um samba do branco doido que se montou aqui desde o governo Fernando Henrique e que o governo Lula não resolveu, porque não quis mexer em contratos absurdos herdados do governo anterior, que envolviam grandes empresas estrangeiras no Brasil?, disse.
Quanto à energia nuclear, Pinguelli, que também foi presidente da Eletrobrás, disse que atualmente a discussão do assunto no Brasil está restrita à construção ou não da usina Angra III. ?Eu não daria prioridade à Angra III e sim à hidroeletricidade?, afirmou.