Produtores querem criar seguro contra gripe do frango

"Os 2,5 bilhões de toneladas [de frango] que nós exportamos podem desaparecer da noite para o dia, se a gente tiver um problema sanitário no Brasil. Esse é o grande risco" afirma o presidente da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) Júlio Cardoso.

No ano passado, o Brasil comercializou 2.469 mil toneladas e US$ 2,59 bilhões só de carne de frango, o que representou 2,7% do total das exportações brasileiras, consolidando-se como o maior exportador mundial de carne de frango. A Tailândia, que era um dos quatro maiores exportadores, perdeu boa parte de suas receitas, por seu plantel ter contraído a
Gripe do Frango, ou Influenza Aviária.

Para evitar um colapso do setor, a ABEF e outras entidades propuseram ao governo duas medidas: a regionalização da fiscalização sanitária, e a criação de um seguro para o produtor que tenha sua criação infectada.

"O Brasil é muito grande. O exemplo é o caso da Rússia, um caso de (Febre) Aftosa na Amazônia levou ao fechamento do mercado (russo) para o Brasil", exemplifica Cardoso, para justificar a necessidade da regionalização dos cuidados fitossanitários. Segundo a proposta, alguns Estados seriam considerados como zonas isoladas. Se for detectado um caso de Gripe do Frango, por exemplo, só o Estado infectado ficaria impedido de exportar.

Essa medida impediria o transporte, dentro do país, de aves vivas sem autorização. "Nós temos de fazer a regionalização, mas temos de fazer o acordo com quem compra, com as autoridades sanitárias dos países importadores", explica Cardoso.

A proposta de seguro, segundo o presidente da ABEF, ainda não está concluída. O seguro garantiria um receita ao criador que tiver de sacrificar as suas aves eventualmente infectadas. Segundo Cardoso "todo a cadeia de produção deve contribuir com o seguro", mas "o valor ainda não está acertado".

De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Sanidade Avícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Egon Vieira da Silva, o governo está estudando a proposta dos produtores, e é, em princípio, favorável a elas. Inclusive já foram feitos contatos com os organismos internacionais que regulam as epidemias em animais para o consumo humano.

"Os estudos mostram que países nos quais um seguro é criado, diminui o número de produtores que não notificam (o governo) quando suas aves são infectadas", complementa Vieira da Silva.

Ele também defendeu que o seguro seja privado para ter maior agilidade na hora do pagamento. "Há na legislação a previsão de pagamento de indenização para o produtor que
tenha que sacrificar seus animais, mas esse processo pode demorar até seis anos", explica.

A princípio, segundo Vieira da Silva, o seguro seria criado totalmente com recursos privados, sem participação do governo federal.

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