Produtores e especialistas debatem a próxima colheita de soja

Brasília – Quase a metade dos 58 milhões de toneladas de soja previstos para a próxima colheita no Brasil será do tipo geneticamente transformada. A soja transgênica, a partir de agora deixa o campo das discussões e passa para o terreno do fato concreto. As conseqüências do novo cenário agrícola brasileiro são apresentadas hoje no especial "Soja – um grande negócio", transmitido pela Rádio Nacional e que pode ser ouvido, na íntegra, na página da Agência Brasil na internet.

De acordo com o diretor de Pesquisa e Produção da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Ivo Carraro, nos próximos anos o crescimento do plantio de soja transgênica será maior, porque "a tecnologia, realmente, facilita bastante a vida do agricultor". Ele lembrou que em algumas regiões, como o Rio Grande do Sul, a próxima colheita de soja transgênica será de quase 100%. Bahia e Mato Grosso, segundo ele, também estão com índices bastante altos.

Para o chefe-adjunto de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa-Soja, o crescimento da espécie transgênica noBrasil, a partir de agora, "é apenas uma questão de mercado". A empresa de pesquisa agropecuária do governo federal investe, por isso, na aprovação de várias espécies, descobertas por seus técnicos, para que possam ser usadas em troca do pagamento de "royalties". A aprovação depende da nova Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) que está formando seu conselho de representantes.

Para o chefe do Departamento de Comércio Exterior da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antonio Donizeti Beraldo, é necessária maior presteza da CTNBio) na liberação das novas espécies de soja transgênica. Segundo ele, isso acabaria com o predomínio da multinacional Monsanto, que detém os direitos sobre a marca Roundup Ready, a mais usada no mundo. Donizeti considera fundamental "democratizar o acesso dos produtores a outros tipos de variedades".

Outro problema enfrentado com a chegada para valer da soja transgênica é o grande número de sementes contrabandeadas que continuam sendo usadas de maneira ilegal. Para o ministro-interino do Meio Ambiente, Cláudio Langone, isso tem causado "conseqüências bastante graves" para o país. Já o diretor da Abrasem, Ivo Carraro, considera que o nível de pirataria de sementes de soja transgênica no Brasil "está quase inviabilizando a continuidade das pesquisas".

Os ambientalistas, que sempre foram contrários ao uso da soja transgênica, tentam se adaptar à nova realidade, mesmo confiando que, com o tempo, os produtores voltarão à soja convencional. Este é o pensamento do coordenador de campanha de engenharia genética do Greenpeace, Ventura Barbeiro. No momento, ele se preocupa com as questões relativas à defesa do consumidor e o cumprimento da Lei da Rotulagem de todo produto com mais de um por cento de origem genética.

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