O secretário executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luis Carlos Guedes, afirma que não há necessidade de o Rio Grande do Sul importar milho da Argentina. "Não temos nenhum problema de abastecimento no país, que é um exportador de milho".
Na terça-feira (22), o superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento no Rio Grande do Sul, Francisco Signor, afirmou que o estado precisará importar entre 2,5 e 3 milhões de toneladas de milho para complementar o abastecimento das cadeias produtivas de aves, suínos e lácteos. "A exemplo dos seus colegas do Nordeste, os criadores gaúchos querem ter a alternativa de importar o produto de outros países, mesmo que transgênico", pediu o superintendente, de acordo com nota divulgada pelo ministério.
Carlos Guedes diz que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem em seus estoques mais de dois milhões de toneladas de milho. A queda de aproximadamente quatro milhões de toneladas na produção do país esteve concentrada nos estados do Sul, que sofrem com a falta prolongada de chuvas. Para o secretário executivo, a queda de produção não se reflete em problemas de abastecimento. "O que está acontecendo é uma reação nos preços que nos últimos trinta dias subiram", afirma Carlos Guedes.
A Comissâo Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) autorizou os agricultores nordestinos a importarem milho argentino transgênico, que servirá de ração para o gado. O órgão ainda não se posicionou em relação aos produtores do Sul.
Luis Carlos Guedes diz que, no Nordeste o preço do milho nacional é mais alto em conseqüência do frete pago para transportar o alimento que vem, na maioria das vezes, do Paraná ou Mato Grosso por via terrestre. "Temos um problema sério de deslocamento". Já a Argentina exporta por via marítima e "tem condições de colocar no Nordeste a preços menores que o nacional". O secretário afirma que o mesmo não deve acontecer no Sul do país.
A estiagem atingiu diversas áreas do Sul. Cerca de 80% dos municípios do Rio Grande do Sul, 30% de Santa Catarina e 10% do Paraná decretaram situação de emergência. O governo estima que os prejuízos são da ordem de R$ 6 bilhões na economia dos três estados.
A expectativa é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione amanhã a Lei de Biossegurança, que garante a CTNBio poderes para liberar a comercialização e o plantio de transgênicos no país. Segundo a lei, o órgão é quem avalia a necessidade de um relatório de impacto ambiental sobre os projetos de pesquisa com organismos geneticamente modificados.
