Os agricultores que cultivam soja orgânica no Paraná temem que suas lavouras seja contaminadas pela soja transgênica caso este tipo de cultura venha a ser liberada. Fornecedores para mercados internacionais pagam até 50% a mais pelo produto, o que torna a opção pelos orgânicos uma alternativa atraente, além de não causar danos ao meio ambiente. “Temos a compra de toda a nossa produção assegurada justamente porque oferecemos um produto livre de agrotóxicos e de transgenia”, explicou o engenheiro agrônomo Olivo Dambros, produtor de soja da região Sudoeste, que cultiva 120 hectares lavoura de milho e soja orgânicos.
Preocupados com o risco de contaminação de suas lavouras, produtores orgânicos do Paraná reuniram-se em Francisco Beltrão na semana passada para o evento “Sementes e Agroecologia” e redigiram uma carta aberta dos agricultores intitulada “Paraná Livre De Transgênicos”. O documento foi dirigido aos Governos Federal e Estadual e ao Poder Judiciário.
“Perguntamos como garantir que possamos produzir de forma orgânica, sem que nossas lavouras sejam contaminadas pelas lavouras transgênicas? Como garantir que a Lei 7.802, que proíbe o uso do glifosato em pós-emergência, seja cumprido? Como garantir a rotulagem dos derivados de transgênicos? Qual a posição dos nossos representantes diante disso? Onde estão os promotores e juízes que não fazem cumprir essas leis?”, questionou a carta.
Em função das perspectivas favoráveis ao crescimento da produção de orgânicos, nicho especialmente promissor para o pequeno produtor familiar, as entidades vinculadas ao setor pedem às autoridades uma posição efetiva em relação ao risco da legalização dos transgênicos. “Além do risco de contaminação das lavouras orgânicas, temos o risco para a saúde de toda a população, já que a soja transgênica usa o glifosato como herbicida na fase de pós-emergência, o que é proibido em função dos danos que os resíduos do produtos podem causar”, cita o documento.