Agricultores da região noroeste do Paraná colocaram tratores sobre a malha ferroviária da América Latina Logística (ALL), impedindo, desde a tarde de domingo, a circulação dos vagões que transportam a safra de grão. Emergencialmente, a ALL desviou os vagões para ramais de Londrina, no norte do Estado, e de Cascavel, na região oeste. Os produtores protestam contra a política agrícola e a política cambial do governo federal e pedem maior prazo para o pagamento das dívidas.
Segundo a ALL, pelo trecho paralisado, que fica nas proximidades do parque industrial de Maringá, passam diariamente entre 10 e 20 mil toneladas de produtos. Com os desvios, 70% puderam continuar a viagem ao Porto de Paranaguá e São Francisco do Sul. A empresa acredita que o restante deve ser facilmente recuperado quando a via for liberada, em razão de, até hoje (8), não ter havido danos estruturais.
A Justiça concedeu mandado de reintegração de posse, mas, de acordo com a Polícia Militar, até o fim da tarde o tráfego continuava interrompido. Tratores também foram colocados nos embarcadores da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar), impedindo a entrada e a saída de caminhões carregados de soja.
"A proposta é dificultar o abastecimento de exportação", disse o presidente do Sindicato Rural de Maringá, José Antonio Borghi. "Queremos impedir a circulação somente daquilo que nós produzimos. Não queremos fazer baderna para prejudicar ninguém." Por isso a opção por não fechar rodovias. Segundo Borghi, os produtores compraram equipamentos e insumos com o dólar acima de R$ 3,00 e, agora, na venda dos produtos, o dólar está próximo de R$ 2,00. "Fica impossível pagar as dívidas", reclamou. "O produtor não tem mais renda."
O protesto, que não tem dia para terminar, é também uma preparação para uma manifestação nacional no dia 16. A assessoria de imprensa da Cocamar informou que não havia nenhum diretor que pudesse comentar a situação, mas adiantou que a cooperativa considera justas as reivindicações dos produtores.
