A produção industrial recuou de maio para junho na maior parte dos estados pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo período do ano passado, houve redução em cinco unidades da federação.
De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal Regional divulgada nesta quarta-feira (09) foram registrados queda de 1,7% na produção industrial nacional e recuo de 0,6% em relação a 2005.
Segundo a coordenadora da pesquisa, Isabela Nunes Pereira, a desaceleração já era esperada para o mês de junho, já que o desempenho nacional do mês anterior tinha sido bastante positivo, com alta de 1,6%. ?É natural que depois de um crescimento da indústria, haja uma acomodação?, explicou.
De acordo com a pesquisadora, a explicação que serve para a taxa nacional, se aplica também às reduções nos índices regionais. ?A maior parte das regiões que mostraram queda vinham de um crescimento?, disse.
Os maiores recuos de maio para junho foram verificados no Amazonas (-5,4%) e no Paraná (-4,3%). No caso do Amazonas, o número apurado reflete uma desaceleração na produção de celulares, principalmente para exportação.
Segundo Isabela Pereira, fatores pontuais do mês de junho, como a suspensão de atividades por causa dos jogos da Copa do Mundo, causaram impacto em quase todos os tipos de atividade. No caso específico do Rio de Janeiro, que teve redução 2,8% na produção, o recuo foi causado também pela paralisação na extração de petróleo.
A greve da Receita Federal foi outro fator que a levou a uma desaceleração maior na produção industrial observada em vários estados.
No estado de São Paulo, responsável por 40% da produção industrial do país, o índice de produção industrial caiu 2,3% – um recuo maior do que o da média nacional.
Dos 14 locais onde o levantamento é realizado, somente Espírito Santo (com 5,1%), Pernambuco (2,2%), Ceará (0,9%) e Pará (0,2%) apresentaram crescimento em suas taxas de produção industrial no mês de junho em relação a maio.
Na comparação com junho do ano passado, a maior parte dos estados teve desempenho positivo, mas houve uma concentração de resultados negativos na região Sul e também no Amazonas, que puxou para baixo o índice nacional (0,6%).
A maior redução na produção industrial foi observada no Amazonas (-20%), que, segundo o IBGE, refletiu ?o forte impacto negativo vindo do setor de material eletrônico e equipamentos de comunicação", principalmente em função da greve da receita federal e também da redução na produção de celulares.
O recuo nos estados de Santa Catarina (-2,2%), Paraná (-1,2%), Rio Grande do Sul (-6,7%) e Minas Gerais (-0,8%) foi influenciado pelo setor de máquinas e equipamentos, relacionado à crise do agronegócio, e também do setor de alimentos, influenciado pela diminuição do consumo de frango.
A pesquisa, que fechou o primeiro semestre de 2006, também mostrou que nove das 14 áreas pesquisadas seguiram a tendência de desaceleração no ritmo produtivo observada em nível nacional entre o primeiro e segundo trimestre do ano. Embora o resultado do semestre tenha sido positivo (2,6%), o crescimento foi menor ao longo do ano (4,6% no primeiro semestre contra 0,8% no segundo).