Produção industrial deve expandir-se discretamente no 4º trimestre

Brasília (AE) – Em documento divulgado hoje, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que a produção industrial, que apresentou queda de 0,7% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, deve expandir-se ainda que discretamente neste fim de ano, independente do efeito sazonal. Essa expansão, conforme a CNI, será resultado da redução da taxa de juros e expansão da massa real de salários.

A CNI pondera que a expansão industrial não deve ser significativa porque fatores que limitaram a atividade industrial no terceiro trimestre – a valorização do real e restrição do crédito consignado – ainda persistem.

A CNI atribui o mau desempenho da produção industrial no terceiro trimestre à continuidade do aperto monetário e da valorização do real e à redução das concessões de empréstimos consignados em folha de pagamento. O IBGE identificou uma queda na produção industrial de 0,7% no terceiro trimestre ante o anterior. Já a CNI identificou que o faturamento real das empresas na mesma comparação também caiu 0,7%.

O documento da CNI destaca que em três anos o real já apresentou uma valorização de 48% frente o dólar. "Para as empresas exportadoras, esta valorização acarreta perda de lucratividade e desestímulo ao investimento", ressalta o texto.

A valorização do real, conforme a CNI, já vem afetando as exportações. O índice de rentabilidade elaborado pela Funcex recuou 14,5% entre a média dos primeiros oito meses de 2005 e de 2004. Essa perda de rentabilidade só não foi maior por conta da valorização das commodities.

A CNI mostra também que a perda de lucratividade das exportações já vem afetando alguns setores, especialmente o de bens duráveis. No terceiro trimestre foi registrada uma queda de 0,9% nas exportações de bens duráveis em relação ao trimestre anterior.

O economista Paulo Mol, da Unidade de Política Econômica da CNI, destacou, de acordo com o documento, que o processo de redução das taxas de juros, iniciado em setembro, só terá reflexo direto na economia em 2006. Segundo ele, existe uma defasagem entre o momento da queda dos juros e o aquecimento da atividade industrial.

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