A produção industrial brasileira deve crescer 1,8% em junho em relação a maio de 2005 e 6,6% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados preliminares do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Já o crescimento acumulado no setor no primeiro semestre ficará próximo a 5%, ante os 3% apontados no acumulado até maio.
Os dados foram divulgados hoje (27) pelo diretor de estudos macroeconômicos do Ipea, Paulo Mansur Levy, no seminário "Conjuntura Econômica" , do Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural (Sober), em Ribeirão Preto (SP). A previsão, feita a partir dos primeiros indicadores dos 13 principais setores da indústria, aponta, de acordo com Levy, a retomada do crescimento na produção fabril, iniciado no mês de maio, quando houve um aumento de 1,5% ante abril.
"Os dados finais devem ser divulgados na próxima semana, mas a margem de variação deverá ser bem pequena. O mais importante é que depois da desaceleração no início do ano, o crescimento foi retomado no segundo trimestre", afirmou Levy.
Para o diretor do Ipea, as perspectivas para os próximos meses são positivas no setor industrial, graças principalmente às melhorias no mercado de trabalho formal e no aumento do crédito pessoal, o que gera consumo. Já os fundamentos macroeconômicos também são positivos, na avaliação de Levy, "e apontam para uma inflação em declínio e um bom desempenho do setor externo", explicou o diretor do IPEA, que prevê uma inflação em 5,5% ao final de 2005.
Apesar de ainda não haver uma avaliação concreta e ampla do impacto da crise política na economia, Levy entende que elas não deverão estar relacionadas. "Apesar de elementos pontuais de incerteza, como os ocorridos na última sexta-feira e no início desta semana, o cenário é positivo e a crise política não afeta a área econômica", disse. "A crise está sendo resolvida dentro do Congresso e o Judiciário, que são os fóruns próprios para isso, o que mostra o fortalecimento das instituições brasileiras", completou Levy.
O diretor do Ipea admitiu, no entanto, que, sob o impacto da crise política, possam ser retardados investimentos privados e o Banco Central possa também adiar uma redução na taxa básica de juros. Ainda de acordo com Levy, o bom desempenho nas exportações vem "garantir a tranqüilidade no momento de turbulência política", e segue a expectativa de que o superávit da balança comercial brasileira fique em US$ 40 bilhões em 2005.