A indústria brasileira reagiu e, após três meses de estagnação, apresentou uma ?suave recuperação? na produção em setembro, segundo revelaram os dados divulgados hoje (07) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve crescimento de 5,6% na produção ante igual mês do ano passado e, ainda, aumento de 1% ante agosto, a quarta expansão consecutiva nessa base de comparação.

A reação foi motivada por setores impulsionados pelas exportações, investimentos na agroindústria, produção de petróleo e, ainda, ?sinais discretos? de recuperação da demanda interna. O aumento ante setembro de 2001 sofreu também forte impacto da base de comparação deprimida do ano passado, quando o racionamento energético reduziu a atividade do setor produtivo. Além disso, o mês neste ano apresentou dois dias úteis a mais do que setembro de 2001.

O chefe do departamento de indústria do IBGE, Silvio Sales, considera que os sinais da recuperação vão além dos efeitos estatísticos e já podem ser considerados como tendência do setor produtivo no País. Ele explica que houve uma ?suave elevação? do nível de produção da indústria em setembro, ?condizente com a crescente redução dos estoques? do setor no decorrer do ano.

Desse modo, segundo Sales, ?a demanda interna das encomendas de fim de ano encontrou a indústria com baixos estoques e isso levou a um incremento na produção?. Ele considera ?de certa forma surpreendente? que a indústria tenha apresentado um crescimento de 2,6% na produção de maio para setembro, outro resultado positivo divulgado pelo IBGE. ?Essa foi uma fase de dificuldades muito grandes e o setor produtivo atravessou essa situação com desempenho relativamente favorável. Nesse contexto, o saldo é positivo?, disse.

Os dados trimestrais também confirmam a recuperação. No terceiro trimestre a produção cresceu 3,2% ante igual período do ano passado, resultado bem melhor do que o registrado no segundo (1,9%) e no primeiro trimestre (-2,1%). No ano, a indústria acumulou aumento de 1,1% na produção até setembro e em 12 meses ficou praticamente estável (-0,1%).

Destaques – O crescimento da produção industrial em setembro em comparação a igual mês de 2001 foi incentivado especialmente pelas indústrias mecânica (19,4%), extrativa mineral (11,4%), alimentos (7,7%), metalúrgica (7,6%) e material de transporte (10%).  

No caso da mecânica, o aumento foi impulsionado pelos equipamentos agrícolas e, ainda, pela produção de aparelhos de ar condicionado central (nesse caso sob efeito da base de comparação deprimida do ano passado, quando houve racionamento energético).

A extrativa mineral continua sendo beneficiada pelos segmentos de petróleo e gás natural, enquanto a indústria alimentícia prossegue sob efeitos positivos dos produtos voltados para exportação, como suco de laranja e açúcar. Na indústria metalúrgica, os destaques foram os segmentos de ferro e aço fundido, bobinas e chapas grossas, inclusive para exportação. No caso de material de transporte, cresceu a produção de automóveis, na maior parte para o mercado interno, e vagões ferroviários, especialmente para exportações. O ?discreto? aquecimento do mercado interno foi revelado, segundo Sales, por segmentos como insumos para construção civil (3%) e embalagens (3,9%), que apresentaram expansão na comparação com igual período do ano passado. Mas o principal destaque foram os automóveis.

Automóveis – Os sinais de recuperação da indústria automobilística, já revelados pelos indicadores de vendas no varejo, ficaram mais acentuados com a divulgação da pesquisa do IBGE. Os dados mostraram que a produção do setor cresceu 12,6% em setembro ante igual mês do ano anterior, após oito meses consecutivos de queda.

Sales disse que esse bom resultado deve-se especialmente a dois fatores: a deprimida base de comparação de igual mês do ano passado e o fato de a indústria de automóveis estar com estoques baixos no momento em que houve alguma reação nas vendas no varejo.
 O ajuste de estoques que ocorreu no setor foi tão forte que as quedas no decorrer do ano, na comparação com iguais períodos do ano passado, foram na maior parte de dois dígitos: -13,9% em agosto; -8,8% em julho; -14,3% em junho; -21,5% em maio; -13,4% em março e -12,7% em fevereiro.  Somente em janeiro houve um leve crescimento na produção, de 0,3%. Sales disse que a reação do setor foi provocada sobretudo pelo aumento da demanda no mercado interno, já que apenas 20% da produção são exportados.

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