Rio – A produção industrial cresceu apenas 0,6% em novembro na comparação com outubro e registrou igual variação na análise com novembro de 2004, sepultando as esperanças de uma reação mais forte da economia no quarto trimestre. O mês foi marcado por uma "reação modesta" da indústria, que não foi suficiente para reverter a trajetória de queda da atividade, segundo o chefe da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Silvio Sales.

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No mercado financeiro, os dados fracos da produção acentuaram as apostas hoje (10) de um corte superior a 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem. Os juros futuros acentuaram a queda após a divulgação dos dados do IBGE.

Com a reação fraca de novembro, a produção industrial reduziu o índice acumulado no ano, de 3,4% observados até outubro, para 3 1% em 11 meses. O dado de 12 meses também recuou, de 4,1% apurados até outubro para 3,5%. Sales sublinhou que, com a recuperação discreta, o índice de média móvel trimestral – considerado o principal indicador de tendência – manteve a trajetória declinante, "o que sugere que o processo de normalização de estoques prossegue".

O trimestre encerrado em novembro registrou queda de 0,5% na produção ante o terminado em outubro. Para Sales, os números apontam que "o processo de ajuste de estoques está em andamento". Segundo ele, "há um consenso que na passagem do segundo para o terceiro trimestre houve formação de estoque na indústria, a pergunta agora é como o setor abre 2006, como está sendo a normalização dos estoques", disse.

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Para Sales, "a julgar pelos números da indústria, houve uma reação no nível de atividade econômica (no quarto trimestre) em relação ao terceiro trimestre, mas isso ocorre de maneira muito discreta, não há sinais de que o ajuste de estoques tenha sido concluído". O excesso de estoques na indústria foi um dos principais motivos do mau desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do País no terceiro trimestre.

Para o diretor-executivo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Julio Sérgio Gomes de Almeida apesar de fraca, a produção industrial de novembro mostra uma ligeira recuperação da atividade. Segundo ele, a indústria brasileira viveu no quarto trimestre um movimento atípico: as encomendas do varejo para o Natal foram adiadas por conta da insegurança do comércio sobre as vendas – dado não medido pelas estatísticas e projeções – e pelo incremento das importações.

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Para Gomes de Almeida, o dado de novembro está longe de significar qualquer "recuperação a caminho". O Iedi projeta para o crescimento da produção industrial em 2006 segue a mesma linha do que está sendo verificado em 2005. "Continuaremos neste ano com essa trajetória fraca, crescendo ao redor de 2,5%", disse.

O diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, avalia que os dados da indústria mostram que o setor continua a perder dinamismo. Ele avalia que "os dados de novembro mostram que a propagada recuperação da atividade no quarto trimestre não se comprovou na realidade, na prática".