Depois de produzir 7.500 vagões ferroviários em 2005, o melhor desempenho de sua história, os fabricantes brasileiros do setor poderão registrar este ano uma queda de produção de até 33%, ou 5.000 unidades. Um dos motivos é a redução de encomendas de empresas como a mineradora Vale do Rio Doce, que vai comprar 1.426 unidades ante as 5.606 do ano passado. Mesmo assim, já existem projeções de serem produzidos quase 21 mil vagões até 2008, ou 6,7 mil por ano. O investimento poderá ser de US$ 6 bilhões.
Para suprir uma das maiores carências do setor, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está em contato com empresas como a General Electric (GE), que tem planos de reabrir sua fábrica de locomotivas em Contagem, Minas Gerais. O presidente da Vale, Roger Agnelli, já declarou que teria interesse em garantir a compra de equipamentos para estimular o renascimento de um fabricante de locomotivas no País. A GE foi procurada, mas não retornou até o fechamento desta edição.
"O BNDES mantém contato com fabricantes e com as concessionárias mas não se chegou a uma equação. O que poderia haver é uma locação de locomotivas. Esse é o passo seguinte", revela o gerente do departamento de logística do BNDES, Dalmo Marchetti. Enquanto isso, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Luiz Cesario Amaro da Silveira, lembra que a indústria brasileira tem capacidade de produzir 12 mil vagões por ano.
"Hoje temos 76 mil vagões em operação. Em 2010, teremos de ter, no mínimo, 100 mil vagões. Mas isso dependerá da expansão da malha e da resolução de gargalos", diz o diretor-executivo da Associação Nacional das Transportadoras Ferroviárias (ANTF), Rodrigo Villaça. Ele lembra que o recorde de 2005 foi fruto do crescimento das exportações de minério de ferro e do agronegócio após anos ruins como o de 1996, quando haviam 34,5 mil vagões, dos quais 45% sucateados. "As décadas de 80 e 90 foram uma tragédia", acrescenta.
