O Sistema Penitenciário vai aumentar a produção de material didático para crianças com deficiência total ou parcial da visão, alunas de escolas públicas do Paraná. Livros pedagógicos em braile e gravados em CD de áudio serão produzidos por presos de três penitenciárias. O acordo entre as secretarias da Justiça e da Educação deve ser oficializado neste semestre, incluindo ainda, a proposta de produção de brinquedos pedagógicos para crianças com necessidades especiais da rede pública de ensino, por internos de unidades equipadas com oficinas de marcenaria.
Por enquanto o material para deficientes visuais são produzidos apenas pela Penitenciária Estadual de Maringá (PEM). A unidade tem, instalado em suas dependências, canteiro de trabalho com 12 presos desde o início de 2004. Lá os internos confeccionam o material para 328 deficientes visuais de Maringá e região. ?Esse é o modelo de inclusão social do preso, que cumpre sua pena e atende também, a uma parte excluída da sociedade?, observou o secretário da Justiça e da Cidadania, Aldo Parzianello.
De acordo com o diretor da PEM, Antônio Tadeu Rodrigues, o projeto, associado ao Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), da Secretaria de Educação, obedece às etapas de digitação, confecção de matrizes em relevo e gravação dos livros falados. ?A dedicação dos presos que participam desse trabalho é excepcional?, comentou Rodrigues, completando que, além da ressocialização do presidiário, essa atividade reduz a pena em um dia, a cada três trabalhados.
O secretário da Educação, Maurício Requião doou uma impressora de braile à PEM, revitalizando a produção do material. Outras duas máquinas semelhantes devem ser doadas a unidades penais de Cascavel e de Curitiba, nos próximos meses. Segundo Rodrigues, todos os livros seguem um padrão de qualidade. ?Livros de geografia, biologia, entre outros, são feitos em relevo, para que os cegos ter a percepção de mapas, corpo humano e outras gravuras?, explicou o diretor da PEM.
Depoimento
Condenado a 13 anos por homicídio, J.D.M., 26 anos, diz ter aprendido um alfabeto diferente, ao começar a confeccionar o material em braile. ?No início achei meio complicado, mas, agora, saber que estou ajudando alguém que não pode enxergar, sinto que o que faço é importante?, declarou. E.F.Z., de 29 anos, que responde por latrocínio (roubo com morte), disse que ?mesmo estando atrás de tão grandes muralhas, podemos ajudar pessoas com deficiência visual, pessoas estas que dependem da nossa responsabilidade. Manifesto meu mais profundo agradecimento por essa oportunidade?, finalizou o preso.