Produção de celulares reduz ritmo de crescimento

Rio – A fabricação de aparelhos celulares, um dos principais destaques da produção industrial em 2005, começa a mostrar sinais de perda de ritmo. Ainda que persista como um dos segmentos industriais com melhor desempenho no País, a produção e venda desses produtos começaram a mostrar sinais de desaceleração no final do ano. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta semana uma queda de 23% na produção de aparelhos celulares em novembro, ante igual mês de 2004.

A Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, estimava um acréscimo de 17,9 milhões de celulares no mercado no acumulado de janeiro a novembro de 2005, mas o crescimento não ultrapassou 16,7 milhões de celulares. Em novembro, houve adição de 1,1 milhão de celulares, inferior ao número de outubro (1,2 milhão). Além disso, a Teleco projeta que o Brasil deverá fechar 2005 – segundo as estatísticas oficiais a serem divulgadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) – com 85,6 milhões de celulares, abaixo das estimativas mais otimistas da instituição (88 milhões).

Caso seja confirmado o número projetado pela Teleco, haverá um crescimento de 30,5% na telefonia celular no ano passado. Expansão enorme, mas abaixo do esperado e com desaceleração na velocidade recente de crescimento. No que diz respeito à produção de aparelhos, o IBGE registra um crescimento acumulado de 43% de janeiro a novembro, bastante significativo, mas inferior ao acumulado de janeiro a outubro (57,9%) e de janeiro a setembro (62,6%), sempre na comparação com igual período de 2004.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Maurício Loureiro, disse que as indústrias no Pólo Industrial de Manaus – que reúne o maior número de fabricantes de aparelhos celulares no Brasil – vão fechar 2005 com um crescimento de 32% nas vendas. Apesar do bom desempenho, ele admite que haverá uma mudança de comportamento do mercado em relação a este produto, com o ingresso de produtos com preços mais baixos.

Além disso, Loureiro acredita que "o mercado de celulares para a camada social que hoje os utiliza está saturada salvo os de maior poder aquisitivo, que utilizarão produtos de terceira geração e que não estão preocupados com o preço do produto". Outro inibidor do aumento maior da demanda, segundo ele, é o preço cobrado pela utilização dos sistemas. Segundo a Teleco, desde setembro os acréscimos de número de terminais de celulares vêm se situando abaixo das projeções e as explicações podem estar no fato de as operadoras que estariam reduzindo "o seu ímpeto na busca do ‘market share’ (fatia de mercado), optando por uma maior rentabilidade", ou porque o mercado brasileiro estaria caminhando para uma saturação em alguns Estados. Ao subsidiar os aparelhos para facilitar a aquisição aos consumidores, parte da receita das empresas acaba comprometida.

Loureiro disse que "não há estoques elevados na indústria, pois o giro destes produtos foi excelente nos estoque das fábricas e nas prateleiras dos lojistas. Logo, há uma perspectiva muito boa para este início de ano". Segundo ele, a produção de celulares no Brasil deverá estabilizar-se na casa do 30 milhões de aparelhos por ano.

As respostas finais para os motivos da queda da produção em novembro deverão chegar com a divulgação dos balanços fechados de 2005 das operadoras de telefonia celular. Antes do anúncio dos dados do quarto trimestre ao mercado financeiro, que deverá ocorrer em fevereiro, as empresas se recusam a revelar qual foi o desempenho das vendas de celulares em dezembro.

Mas, também nesse caso, as estimativas da Teleco apontam para uma frustração das expectativas. Para os especialistas da consultoria, "é grande a probabilidade de, pela primeira vez na história da competição no mercado de celulares, o mês do Natal ter um crescimento menor que o do mês do Dia das Mães, que foi de 2,9 milhões de celulares", afirmam os analistas da Teleco em documento.

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