O Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) lançou, na Exposição Agropecuária de Londrina, uma máquina para facilitar a coleta dos galhos de amoreira pelos produtores do bicho-da-seda. O evento aconteceu na primeira quinzena de abril, no Parque de Exposições Ney Braga em Londrina (PR). Segundo Augusto Guilherme de Araújo, pesquisador do IAPAR, a invenção está em fase de testes, mas até o segundo semestre deste ano deve estar pronta para quem se interessar em produzi-la comercialmente.
De acordo com o pesquisador, o corte da amoreira é muito trabalhoso, pois as lagartas só se alimentam deste tipo de planta, o que causa a desistência de muitos produtores. "Principalmente no final da criação, o trabalho exigido do homem para alimentar a criação é muito grande, além do sistema tradicional de coleta ser manual, o que torna o serviço cansativo e penoso", afirma Araújo. Com a nova máquina, a etapa de corte será mecanizada e facilitará o manejo da produção.
O equipamento não está totalmente pronto. Os pesquisadores querem que a máquina deixe as plantas organizadas no campo para facilitar o transporte dos ramos. Alguns produtores que estavam na exposição agropecuária de Londrina manifestaram interesse pela invenção. "Como é uma nova alternativa de mercado estamos planejando para o segundo semestre fazer algumas demonstrações em campo para os produtores, para ouvir outras opiniões e aproveitar para convidar indústrias locais e de fora do estado que possam ter interesse em produzir o equipamento", afirma.
O Paraná é o principal produtor de casulos destinado à indústria de fiação da seda, respondendo por aproximadamente 90% da produção nacional. Com o novo equipamento, a produção deve ser otimizada. "O objetivo da máquina é aumentar a produtividade do trabalho, torná-lo mais rápido e menos cansativo, e assim reduzir custos. Mas principalmente, a máquina é uma forma de atrair este tipo de produção, porque uma das limitações do produtor do bicho-da-seda é a mão de obra. À medida que existe uma alternativa mecanizada, pode-se atrair novos produtores e permitir que aqueles que já estão na atividade permaneçam", ressalta Araújo.
Além de contribuir com a economia da região, o bicho-da-seda ajuda na preservação ambiental, porque nos locais onde a amoreira é cultivada não se pode aplicar nenhum tipo de produto químico, como agrotóxicos. "O bicho-da-seda é um animal sensível a qualquer produto que exale algum odor. A lagarta não suporta nada que possa intoxicá-la, por isso, nos locais de criação, o produtor não pode utilizar nenhum tipo de veneno. Se cair agrotóxico na folha da planta, a lagarta que se alimentar pode até morrer. Conseqüentemente o solo das regiões onde se produz bicho-da-seda é mais fértil, mais saudável, contribuindo para a preservação do meio ambiente", explica Maçaharu Takki, Implementador do Processo Seda da Emater – Maringá.
Sobre o bicho-da-Seda
Seda significa secreção de filamentos produzidos pelas lagartas, por isso este inseto é conhecido como bicho-da-seda (Bombyx mori). Do crescimento até a produção do casulo que contém a seda, a lagarta demora em média 28 dias. Quando chega a quinta idade, na qual começa a tecer o casulo, ela passa até oito dias se alimentando, e já está com toda a seda desenvolvida em bolsas que ficam ao lado do seu corpo. Após este período, a lagarta começa a tecer o casulo, que demora de três a quatro dias para ficar pronto e ser colhido pelos produtores. Só para se ter uma idéia, um alqueire de amoreira alimenta cerca de 130 mil lagartas que produzem aproximadamente 250 quilos de casulo
verde pronto para a comercialização.
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