Apesar da diminuição da área na criação do bicho-da-seda, a produtividade aumentou significativamente, o que contribuiu para o aumento de produção, segundo dados da Secretaria estadual de Agricultura. A produtividade aumentou 36% nesta safra, saltando para 513 kg/casulos/ha/ano. O número é 74% maior que a média de 10 anos atrás.

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O gerente da Câmara do Complexo Seda do Estado do Paraná, José Carlos Zaia, diz que o aumento se deve ao maior cuidado que o produtor tem com a cultura. Segundo ele, tendo uma área menor para cuidar, o produtor pode fazer uma adubação mais adequada, capinar o mato e podar as amoreiras no tempo certo, e ainda manejar melhor o barracão com o bicho-da-seda, limpando e acondicionando melhor o depósito de amoras. ?Com isso ele vai ter mais tempo para cuidar do bicho, que retribui com aumento de produtividade?.

Desde a década de 70 a área média de amoreira vem caindo no Paraná, segundo informações do pesquisador do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) Ruy Yamaoka, que também é gerente do Projeto de desenvolvimento tecnológico da sericicultura no Paraná. Só da safra passada para a atual a redução foi de 18%. A área média por produtor caiu para 2,2 hectares neste ano, menos da metade da média de 10 anos atrás.

Yamaoka afirma que os grandes produtores deixaram a sericicultura porque o custo de mão-de-obra cresceu muito e causou diversos problemas trabalhistas. ?Isso dificultou a parceria entre patrão e empregado, o que repercutiu diretamente na redução da área plantada de amoreira?, explica o pesquisador.

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Para Yamaoka dois fatores foram preponderantes para o crescimento da produtividade paranaense: a adubação do solo e a utilização de novas variedades. ?Hoje existe uma fórmula de cálculo de adubação, com base na análise de solo, que foi criada pelo pesquisador do Iapar, Marcos Pavan?, explica. Com esse cálculo, diz Yamaoka, é possível saber exatamente o que a planta precisa para produzir bem, evitando gastos desnecessários.

Ele acrescenta dizendo que a variedade Miura é a mais plantada no Paraná, mas perde em produtividade com o desgaste do solo e é muito suscetível a doenças. ?Nós percebemos que existem outras cultivares com produção melhor que a Miura, como a FM 86, FM 3/3, SK 1, SK 4 e SM 14. As variedades Tailandesa e 6-2 são recentes e ainda estamos estudando para verificar o comportamento delas?, complementa.

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Yamaoka alerta para a importância de um tratamento diferenciado na implantação do amoreiral com as novas variedades. ?A Miura é bastante rústica e, portanto, se utiliza o sistema de estaquia, no qual se bate uma estaca para realizar o plantio. Como as novas cultivares possuem a casca do ramo mais mole, elas não suportam a batida da estaca. Por isso a estaquia deve ser feita a mão?.

O pesquisador lembra que o Iapar também está trabalhando na solução de um problema sério do produtor: o corte da amoreira. Com menos gente para trabalhar, já que as famílias estão cada vez menores, e questões trabalhistas dificultando a contratação, a colheita da amoreira tornou-se um problema para os agricultores.

Pensando nisso, o Iapar está trabalhando em projeto inédito no país, que busca o desenvolvendo de uma máquina. ?Ela está sendo criada para tornar a colheita mais rápida e menos cansativa, já que alguns agricultores chegam a fazer três colheitas por dia em algumas épocas?, diz o pesquisador do Iapar Augusto Araújo, responsável pelo desenvolvimento do protótipo. Segundo ele, os testes preliminares mostraram que em lavouras mais velhas (acima de 15 anos) a máquina precisa de um sistema de enfeixamento porque o volume de material é muito grande para a capacidade da máquina.

Já nas lavouras mais jovens o desempenho foi bom. Em 2007 a expectativa, segundo Araújo, é começarem os testes de eficiência ? com o apoio das empresas de fiação de seda Bratac e a Fujimura ?, que são a última fase do processo de desenvolvimento da máquina, para que ela possa estar disponível para o agricultor.

Vilmar Gorni é um dos agricultores que estão aguardando a máquina. ?Eu plantei minhas amoreiras um pouco mais espaçado justamente para ter a possibilidade de mecanizar?, diz o produtor. Vilmar começou a trabalhar com sericicultura há apenas 4 meses, depois que desistiu da avicultura. Ele aproveitou o barracão que era usado para a criação de frangos e começou a criar bicho-da-seda em um sítio em Londrina.

A mecanização, segundo o agricultor, possibilita também usar melhor a mão-de-obra dos funcionários em outras culturas que tem na propriedade. Ao contrário da grande maioria dos agricultores, Vilmar não trabalha na lavoura. Ele tem uma família que cuida do sítio para ele há 14 anos. ?Todos com registro em carteira?, garante o produtor.