São Paulo – A produção de álcool da atual safra de cana-de-açúcar alcançou 2,68 bilhões de litros no dia 1º de junho, resultado que é 14% superior ao do ano passado, anunciou hoje (20) a União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). O aumento da oferta de álcool combustível fez baixar os preços para o consumidor final nos postos e foi um dos fatores de maior peso na deflação de preços ao consumidor no país, segundo apuração divulgada hoje pela Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com o balanço divulgado pela Unica, a colheita da safra atual na região Centro-Sul já resultou na moagem de quase 70 milhões de toneladas. "Essa matéria-prima proporcionou a fabricação de 2,68 bilhões de litros de álcool (1,07 bilhão de anidro e 1,61 bilhão de hidratado) e 4,03 milhões de toneladas de açúcar". O álcool anidro é adicionado à gasolina e o hidratado vai direto para o tanque do automóvel. Para efeitos comparativos, informou a nota, "a produção da safra anterior foi de cana-de-açúcar, 59,38 milhões de toneladas; açúcar, 3,32 milhões de toneladas; e álcool, 2,35 bilhões de litros (1,29 bilhão de litros de hidratado e 1,06 bilhão de litros de anidro)".
O aumento da oferta de álcoois combustíveis foi destacado hoje pela Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, como um dos fatores que gerou deflação de 0,39% nos preços ao consumidor em todo o país entre 11 de maio e 10 de junho, apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Também foi apontado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) como o segundo fator para a deflação de 0,5% ao consumidor na cidade de São Paulo na semana passada, também divulgada hoje.
A entressafra de cana-de-açúcar, no final do ano passado, gerou aumento nos preços do álcool ao consumidor e forte pressão inflacionária no início deste ano. Segundo relatório da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), " em janeiro, o governo e os representantes do setor sucroalcoleiro fizeram um acordo para fixar o preço do álcool anidro nas unidades produtoras em R$ 1,05/litro durante o período de entressafra.(…) Pelo lado dos produtores de cana-de-açúcar, seria garantido o abastecimento do produto no mercado interno e, se necessário, seria antecipado o início da próxima safra para março. Como contrapartida à redução do preço nas usinas, o governo se comprometeu a definir novas formas de financiamento para aumentar os estoques de álcool."
No entanto, segundo a FGV, esse acordo não foi cumprido e os preços do álcool nas unidades produtoras aumentaram entre fevereiro e março em São Paulo e entre março e abril em Alagoas. Em março de 2006 foi decretada a redução do percentual obrigatório de adição de álcool etílico anidro combustível à gasolina, de 25% para 20%. "Esta medida foi definida como um meio de punir os usineiros pela quebra do acordo de manutenção do preço do álcool anidro a R$ 1,05/litro", afirmou a nota. "Assim, essa mudança na composição da gasolina vendida nos postos ocorreu para regular a oferta de álcool no mercado interno e reduzir o preço do álcool hidratado." No mesmo mês, a Unica anunciou o início da colheita antecipada da safra.