Fábrica da Audi: mais
uma montadora vai embora.

Depois da Chrysler, o pólo automotivo do Paraná está prestes a perder mais uma marca no ano que vem: a Audi. Desde 1999 instalada em São José dos Pinhais, onde tem 21% de participação na fábrica conjunta com a Volkswagen, a empresa pretende parar a produção do único modelo fabricado no Brasil (A3) até o final de 2005. O diretor-executivo comercial da Audi Senna, responsável pela comercialização dos veículos Audi no Brasil, Ubirajara Guimarães, confirmou que a matriz do grupo optou por concentrar a produção do novo A3 na Alemanha. Sem previsão de trazer um novo produto, a Audi do Brasil volta a ser apenas uma importadora.

Segundo Guimarães, o fim da fabricação do A3 se deve ao custo-benefício. No ano passado, a Audi Senna vendeu 8.387 veículos no Brasil – sendo 7.603 A3. Em 2002, foram 9.831 automóveis (8.718 A3). A produção diária de A3 na fábrica paranaense, que chegou à média de 40 veículos, hoje chega, no máximo, a 20 unidades. Segundo informações da comissão de fábrica, há dias que nem passa Audi na linha de montagem. Metade das peças do A3 é importada. Com a queda na produção, a nacionalização não compensaria. Assim, a matriz, que já produz a versão com duas portas, deve também concentrar a produção do modelo com quatro portas, que será lançado em 2005 e exportado para o Brasil.

Se o Brasil fechar um acordo comercial com a União Européia, em discussão desde o ano passado, o novo A3 será importado com preços competitivos, de acordo com o diretor da Audi Senna. O acordo prevê imposto zero de importação e cotas para cada empresa. ?A Audi continua acreditando no mercado brasileiro e a suspensão da produção do A3 não significa que a marca nunca mais volte a produzir no País?, declarou Guimarães.

A Audi do Brasil informou, pela assessoria de imprensa, que não há nenhuma confirmação oficial da matriz sobre o assunto. No entanto, em entrevista ao jornal Gazeta Mercantil, um executivo da Audi AG informou que o A3 deixará de ser produzido no Brasil no final de 2005.

Impacto

A fábrica da Volkswagen/Audi no Paraná recebeu investimentos de R$ 1,2 bilhão. A produção em série do A3 começou em setembro de 1999 e em 2000, passou a ser exportado para a Argentina. Além do país vizinho, hoje a Audi exporta o carro para Bolívia, Chile, Colômbia, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.

Com o encerramento da fabricação do A3, a planta deve manter a produção dos modelos Volkswagen Golf e Fox (lançado em outubro de 2003. A matriz alemã já decidiu que a nova versão do Golf – lançada no ano passado na Europa -não será produzida no País. Também já está definido que o Golf paranaense destinado à exportação só será produzido até o final deste ano. Desta forma, a fábrica paranaense deverá, em breve, abrigar apenas a linha de montagem do Fox e de seus derivados.

Terceiro turno

Graças ao bom desempenho nas vendas do Fox, os sindicalistas descartam possibilidade de demissões na fábrica da Volks/Audi com o fim da produção do Audi A3 e (provavelmente) do Golf. Planejada para ser uma montadoras mais produtivas do mundo, a planta da Volks/Audi no Paraná tem capacidade para produzir 700 carros por dia em três turnos. Hoje, a produção média é de 380 automóveis/dia, sendo cerca de 280 Fox. As metas em relação ao novo veículo têm sido superadas, tanto que a espera para os compradores do Fox passa de um mês.

Com 2,6 mil trabalhadores, a planta opera em dois turnos, com possibilidade de reabertura do terceiro turno no segundo semestre, dependendo da continuidade do bom desempenho das vendas do Fox. Isso representaria a abertura de, no mínimo, 300 novos empregos, estima a comissão de fábrica.

Cassada liminar do ICMS

A Volks/Audi recuperou o direito de recolher o ICMS da produção de veículos do ano passado somente em 2018. No dia 30 de dezembro, o desembargador Troiano Netto cassou a liminar concedida no dia 18 de dezembro pelo juiz da 4.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, Jéfferson Alberto Johnsson, que determinava o recolhimento do ICMS já a partir de janeiro. Segundo cálculos do Ministério Público do Paraná, o pagamento mensal da Volks/Audi seria de aproximadamente R$ 1,5 milhão.

Na ação civil ajuizada contra a Volks/Audi, a Promotoria de Proteção do Patrimônio Público pede a suspensão dos benefícios fiscais concedidos pelo governo do Estado para a instalação da montadora. O governo firmou um acordo de parcelamento de ICMS que permite que 75% desse imposto, relativo à produção de veículos, seja pago entre os anos de 2016 e 2026, sem juros ou correção monetária. Além disso, o Estado emprestou R$ 166 milhões, com pagamento previsto para depois de 26 anos, também sem juros ou correção. Pedido de liminar semelhante foi impetrado contra a Renault do Brasil, mas negado pela 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba.

Redução do IPI aumentou venda de carros

Dezembro foi o melhor mês em vendas para a indústria automotiva de todo o ano de 2003. No mês passado foram vendidos 168.873 veículos, um aumento de 31,8% em relação a dezembro de 2002. Na comparação com novembro, houve um avanço de 29,6% nas vendas. Segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras venderam 1,428 milhão de veículos em 2003, uma queda de 3,4% em relação a 2002.

O desempenho recorde de dezembro ocorreu durante a prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do carro zero – que deveria ser extinto em novembro.

O incentivo fiscal amenizou as perdas do setor automotivo, que no auge da crise chegou a projetar uma redução de mercado de 10%. O IPI menor ajudou a aliviou esse quadro, mas não conseguiu reverter o desempenho negativo de 2003.

Exportações

As vendas para o mercado externo evitaram um resultado pior e atingiram US$ 5,5 bilhões em 2003, um aumento de 37,7% em relação ao ano anterior.

Em dezembro, foram vendidos para o mercado externo o equivalente a US$ 491,741 milhões, uma queda de 5,7% na comparação com novembro e um avanço de 22,9% em relação a dezembro de 2002.

Produção

As montadoras produziram em 1,827 milhão de veículos em 2003, um aumento de 2% em relação a 2002. Em dezembro, quando a produção atingiu 153,870 unidades, houve um avanço de 12,4% na comparação com o mesmo mês de 2002. Em relação a novembro, houve uma queda de 9,3%.

A prorrogação do IPI reduzido para o setor automotivo foi estendida até o final de fevereiro. Até lá, a alíquota do IPI dos carros de até 2.000 cilindradas será reduzida em 3 pontos percentuais.

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