Produção da agroindústria cai pela 1ª vez desde 2000

Rio – A quebra de safra na região Sul, a valorização do real e a queda de preços de commodities no mercado internacional levaram a produção da agroindústria brasileira a uma variação negativa de -0,9% no ano passado, a primeira queda no setor desde 2000. Os dados divulgados hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o bom desempenho dos setores ligados à pecuária não conseguiu compensar a queda dos segmentos vinculados à agricultura.

A febre aftosa levou a uma queda de produção no segmento de pecuária no quarto trimestre (-3,8%) ante igual período do ano anterior, mas não impediu um crescimento de 0,8% no acumulado do ano. Os segmentos vinculados à agricultura somaram uma queda de -4,0%. Fernando Abritta, economista da coordenação de indústria do IBGE, explica que o peso da pecuária é pequeno no total do setor agroindustrial, que acabou acumulando perdas com uma "conjuntura desfavorável" no ano passado.

Os problemas que afetaram os produtores agrícolas e a indústria vinculada à agricultura incluem graves secas ou excessos de chuvas que prejudicaram a colheita, além da região Sul, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. Além disso, o dólar baixo e os preços em queda das commodities prejudicaram as exportações e, simultaneamente, houve aumento de custos com a alta do petróleo – com impacto sobre adubos e fertilizantes – e do aço. "Tudo isso reduziu a rentabilidade agrícola, com efeitos negativos para a agroindústria", disse Abritta.

A safra agrícola de 2005, cuja previsão inicial era de 130 milhões de toneladas, não ultrapassou os 112 milhões e a frustração com a colheita acabou afetando produtores que já estavam endividados e tinham chegado ao limite do crédito necessário para elevar a produtividade.

Para Abritta, a recuperação do setor neste ano dependerá do comportamento dos preços internacionais e do acesso ao crédito para aquisição de adubos e fertilizantes, além do comportamento do câmbio. O clima, que é o principal fator imponderável para o setor, tem registrado condições bem melhores na atual safra do que na anterior.

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