A indústria ficou "estacionada" em fevereiro no nível de produção de dezembro e
teve forte desaceleração dos investimentos. De acordo com dados divulgados hoje
(6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor
registrou queda de 1,2% na produção ante janeiro – o pior resultado ante mês
anterior desde junho de 2003 (-1,5%) – e, apesar do aumento de 4,4% ante
fevereiro de 2004, confirmou a perda de ritmo que ocorre desde o final do ano
passado.
Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial
(Iedi), os dados divulgados do IBGE mostram que "o boom industrial brasileiro do
ano passado ficou para trás". Mas o chefe da Coordenação de Indústria do IBGE,
Silvio Sales, explicou que a queda de 1,2% na produção ante mês anterior pode
estar relacionada ao menor número de dias úteis em fevereiro por causa do
carnaval, redução não eliminada integralmente pelo ajuste sazonal (que subtrai
as características de determinado período).
Sales destacou que o setor
mostrou "estabilização" ao ficar "estacionado" no nível de dezembro. Ele
destacou que, apesar da estagnação, os dados de fevereiro mostraram dois
movimentos importantes: queda dos investimentos (espelhados na produção de bens
de capital) e mudança na composição do crescimento industrial, com maior peso
dos bens de consumo, impulsionados pelo crédito e pela massa
salarial.
Segundo o técnico, os resultados da pesquisa mostram que "há
uma mudança na composição interna" do crescimento da produção. "O que está se
confirmando é uma alteração no perfil (do crescimento), com bens de produção
duráveis e não duráveis com taxas mais altas", disse.
No caso dos bens de
consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos), Sales observou que a manutenção
de taxas muito elevadas de crescimento ocorre porque o volume de crédito
continua muito alto. "Os setores que são sensíveis a crédito continuam se
expandindo. As estatísticas de inadimplência continuam positivas, há aumento de
crédito com desconto em folha e há também crescimento da massa salarial, que
beneficia os não duráveis", disse.
Os bens de consumo duráveis
registraram expansão de 11 8% em fevereiro ante janeiro, após uma queda de 5,1%
em janeiro ante dezembro. Na comparação com fevereiro do ano passado, o
crescimento foi de 22,4%, após uma expansão bem menor, de 3,5%, em janeiro ante
igual mês de 2004.
No caso dos não duráveis (vestuário, calçados,
alimentos), houve queda de 4,3% na produção ante janeiro, mas, segundo Sales,
esse resultado "não reverte a trajetória de crescimento" dessa categoria, que
acumula aumento de 7,5% no primeiro bimestre ante igual período do ano passado.
Na comparação com fevereiro de 2004, a produção de não duráveis cresceu
5,3%.