O Ministério Público (MP) já tem provas suficientes contra os donos da empresa de bebidas Schincariol e deve oferecer denúncia nos próximos dez dias, afirma o procurador da República, José Maurício Gonçalves.
Durante os dois anos de investigação sigilosa ? feita pelo MP, Polícia Federal e Receita Federal ? foram reunidos gravações telefônicas, documentos e "inúmeras notas fiscais" que, de acordo com o procurador, são suficientes para que os donos da Schincariol sejam processados por formação de quadrilha e corrupção ativa. Há indícios também de crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mais de R$ 1 bilhão podem ter sido sonegados nos últimos cinco anos.
No último dia 15, 68 pessoas foram presas. De acordo com o delegado da PF, Cassius Baldelli, o grupo Schincariol se utilizava de "parceiras", distribuidoras abertas em nome de pessoas sem condições financeiras para o empreendimento, os chamados "laranjas". Várias distribuidoras podem estar envolvidas. As prisões ocorrem em 12 estados.
Cassius Baldelli informou que dois grupos ajudavam no esquema de sonegação: o primeiro, em Minas Gerais, era liderado por Otacílio de Araújo Costa, da empresa Dismar Comercial; e o segundo, no Nordeste, por Marinaldo Albuquerque, da Disbetil Distribuidores.
Os donos da Schincariol estão presos na sede da PF em São Paulo. A prisão temporária termina no sábado, mas o Ministério Público avisa que eles podem continuar na prisão por mais tempo. Todos os presos já foram ouvidos, mas novos depoimentos e acareações podem ser pedidos pelo MP.
A investigação começou há dois anos, com denúncias anônimas recebidas pela Receita Federal e operações realizadas em postos fiscais.