Eleitos no domingo, os deputados Paulo Rocha (PT-PA) e Valdemar Costa Neto (PL-SP), que renunciaram no ano passado para fugir de processos de cassação, poderão ter apenas adiado seus julgamentos. Os processos de perda de mandato contra os dois, apontados pela CPI dos Correios como beneficiários do esquema do mensalão, poderão ser reabertos assim que eles tomarem posse no dia 1º de fevereiro do próximo ano. Na Câmara há precedentes que por serem decisões tomadas repetidas vezes, formaram um entendimento de que deputados que praticaram fatos que ferem o decoro parlamentar em mandatos anteriores podem ser julgados quando reassumirem um novo mandato.
Foi assim, por exemplo, no caso do deputado Pinheiro Landim. Em janeiro de 2003, ele renunciou ao mandato no último mês para evitar o processo de cassação depois que foi acusado pela Polícia Federal de suposto envolvimento na compra de habeas-corpus em tribunais superiores para quadrilha de traficantes. O processo foi arquivado. Em fevereiro de 2003, Landim assumiu um novo mandato para o qual fora eleito em outubro de 2002, mas, assim que tomou posse, o então presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), determinou o desarquivamento da sindicância feita anteriormente e, mais uma vez para fugir da cassação, Landim renunciou ao mandato que acabara de assumir.
No entendimento da Câmara, os processos de cassação contra os deputados Paulo Rocha e Valdemar Costa Neto poderão ser reabertos pelo presidente da Câmara que será eleito em fevereiro próximo, pela Mesa ou por partido político com representação na Câmara.
Dos 49 deputados que respondem a processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara no caso das sanguessugas e que tentaram se eleger, apenas seis foram vitoriosos. Os outros 16 processados pelo conselho desistiram de disputar as eleições depois do escândalo. Foram eleitos para uma vaga na Câmara os deputados Pedro Henry (PP-MT), Wellington Fagundes (PL-MT), João Magalhães (PMDB-MG), Marcondes Gadelha (PSB-PB), Wellington Roberto. O deputado Carlos Dunga (PTB-PB) foi eleito como suplente na chapa de Cícero Lucena (PSDB-PB), vitorioso na disputa por a uma vaga de senador. No Senado, o único dos três parlamentares acusados por suposto envolvimento no esquema das sanguessugas que disputou as eleições, Ney Suassuna (PMDB-PB), não conseguiu se eleger.
