O governo insiste na realização do leilão da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, no dia 30 de outubro, sem o que será impossível aproveitar o período que antecede o ciclo de chuvas na região.
Por seu turno, os consórcios formados para participar do leilão pretendem que o governo estique o prazo para o início do fornecimento da energia da primeira usina a ser construída em Rondônia, hoje estimado para janeiro de 2012. Expedientes foram encaminhados à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pelas principais empresas, advertindo para as dificuldades de cumprir o cronograma estabelecido pelo governo federal.
O dilema do governo é a ausência de parâmetros confiáveis para enfrentar uma eventual crise de fornecimento de energia, a partir de 2011, numa repetência deveras prejudicial do apagão verificado em 2000. O governo se defende garantindo que a hipotética falta de energia decorre de meras especulações, frisando que não há nenhuma projeção confiável sobre déficit na oferta de eletricidade no início da próxima década.
Para o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o déficit potencial de 1,4 mil megawatts médios deverá ser suprido pela implantação de novas usinas térmicas movidas a óleo combustível, apesar do custo maior e dos riscos de agressão ao meio ambiente.
De acordo com a Aneel, o período de suprimento da energia de Santo Antônio começa à zero hora de 1.º de janeiro de 2012, e se estende pelos 30 anos seguintes. Todavia, uma empresa criada especialmente para entrar na disputa, com base em estudos de viabilidade, afirma que são necessários 44 meses de trabalho até o início da operação comercial da usina.
Isto seria possível se a licença de instalação expedida pelo Ibama saísse no início de 2008, mas poucos acreditam na façanha. Assim, os grupos habilitados para executar a obra, considerando etapas ainda não cumpridas, como os projetos de absorção de impactos ambientais e, afinal, a licença de instalação, admitem o começo das obras somente em maio de 2009.
Trata-se de verdadeira corrida contra o tempo que, entretanto, não poderá prescindir dos critérios de absoluta transparência e meticulosidade.