O Programa Nacional do Álcool (Proálcool), solução genuinamente brasileira para oferecer uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, está completando trinta anos. Foi em 1975 que o então presidente Ernesto Geisel assinou o decreto contendo as diretrizes básicas do referido programa.
Dois anos depois, a gasolina consumida na Grande São Paulo passou a contar com a adição de 20% de álcool, mas somente em 1978 entraria em operação a primeira destilaria autônoma, no município paulista de Teodoro Sampaio, com capacidade diária de produção de 330 mil litros.
Como o Proálcool foi concebido para desenvolver-se em etapas sucessivas, a Petrobras instalou as primeiras cinco bombas de álcool na cidade de São Paulo em 1979. Nesse mesmo ano a Fiat faz o lançamento do primeiro modelo de automóvel movido a etanol puro, o Fiat 147, e a Volkswagen estréia o Passat a álcool.
O pleno êxito do programa, cujo slogan mais expressivo, ?Carro a álcool: você ainda vai ter um?, foi registrado dez anos depois, quando as vendas desse tipo de veículo chegaram a 96% do total nacional.
Com gasolina sobrando nos postos de abastecimento, o governo inicia o corte gradativo dos subsídios ao combustível alternativo e, no final da década dos 80s, o Proálcool acusa a primeira crise e o produto é racionado. O País passa a importar metanol para misturar ao álcool, estimulando a produção de carros populares a gasolina, cuja venda despencara para pouco mais de 10% do total.
Há dois anos o Brasil vem produzindo automóveis com motor flex fuel, movido a álcool ou gasolina, e o Proálcool está consolidado como a única alternativa para o final da era do petróleo. A apreciação é do ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, para quem nos próximos dez anos a produção brasileira de álcool deverá elevar-se de 14 bilhões para 26 bilhões de litros.
Na verdade, um desenvolvimento tecnológico definido pelo descortino de cientistas e pesquisadores brasileiros, dentre eles o engenheiro Bautista Vidal, por muitos chamado o ?pai do Proálcool?, ao pensarem num produto altamente viável para os trópicos abundantes de sol, água e solo.
O cultivo da cana-de-açúcar no Brasil estende-se por 5,4 milhões de hectares (3,3 milhões no Estado de São Paulo), empregando cerca de um milhão de pessoas. Até 2010, a produção anual de cana chegará a 580 milhões de toneladas.