O etanol entrou duma vez por todas na agenda do segundo governo Lula. Essa é uma das prioridades do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cuja presidência foi empossado o economista Luciano Coutinho, professor de economia na Universidade de Campinas (Unicamp), notabilizada pela alta performance de vários profissionais já integrados ao mercado.
Coutinho teve estreita ligação com o PMDB à época do deputado Ulysses Guimarães e do senador Mário Covas, entre outros insignes líderes do partido que se colocou como principal coluna do processo da redemocratização, atuando como uma espécie de conselheiro da bancada para assuntos econômicos, durante a Assembléia Nacional Constituinte.
Lembremos que para ocupar a presidência do BNDES, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, havia convidado um ex-colega de diretoria do Banco Santander, reputando a indicação como parte inalienável de sua competência ministerial.
O presidente Lula, porém, se reservou o direito de invocar sua contrariedade à prática da porteira fechada, pelo menos nesse caso específico, ainda mais que o ministro Guido Mantega também apregoava estar o assunto liquidado, com a permanência do economista Demian Fiocca no cargo. A indicação acabou ficando com o Palácio do Planalto.
Na pauta de prioridades que Coutinho vai prosseguir administrando, o aumento da produção de etanol está deferido em 62 projetos para as áreas de moagem de cana-de-açúcar e usinas de biodiesel, em várias regiões do País. O banco reservou cerca de R$ 7,2 bilhões para investir no setor, cujo aporte financeiro privado elevará o total de aplicações para R$ 12,2 bilhões.
Entre os exercícios de 2003 e 2006, o BNDES desembolsou mais de R$ 4,5 bilhões em empreendimentos inseridos no campo da produção de etanol, sempre com a preocupação voltada para a preservação do meio ambiente, conforme salienta Eduardo Bandeira de Mello, até agora responsável por esse departamento na instituição.
Segundo a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, o atendimento da demanda de etanol no Brasil e no exterior exige a expansão da área plantada de cana em até quatro milhões de hectares, amplificando os riscos de danos ambientais.