O porto da capital somali foi reaberto hoje depois de 11 anos, o mais recente sinal de que os fundamentalistas islâmicos que agora governam a cidade estão tentando restaurar a confiança da população depois de mais de uma década de anarquia.
O Porto Internacional de Mogadiscio ainda terá de passar por grandes reformas depois de tantos anos de desleixo, mas está pronto para receber navios cargueiros, disse o xeque Abdulkadir Ali Omar, integrante da milícia islâmica que assumiu o controle da capital e da maior parte do sul da Somália nos últimos meses.
"De hoje em diante, o porto está aberto e o mundo pode enviar seus produtos para cá", anunciou Omar, acrescentando que uma cerimônia formal de abertura será realizada amanhã.
O porto não funciona desde 1995, quando forças das Nações Unidas deixaram a Somália por ar e mar em meio à violência política e de clãs. O último governo central efetivo do país foi derrubado em 1991 por senhores da guerra rivais, que depois se voltaram uns contra os outros.
O porto e seu entorno eram controlados por clãs rivais que impossibilitavam seu uso. Comerciantes e agências humanitárias usavam um porto menor nos arredores da capital. "Estamos notificando ao povo somali, especialmente aos comerciantes, para usar o porto para enviar produtos para todo o mundo", afirmou Omar Wehliye, o recém-nomeado gerente do porto.
O aeroporto internacional de Mogadiscio, fechado mais de 10 anos atrás, foi reaberto no mês passado e está tendo vôos diários. Mas não está claro ainda se haverá movimento no porto, já que a Somália não dispõe de guarda costeira nem de marinha e sua costa é infestada de piratas.
O crescente poder da milícia islâmica tem causado preocupação aos Estados Unidos, que acusam o grupo de ter vínculos com a Al-Qaeda. Mas muitos moradores dão crédito aos islâmicos por terem imposto a ordem na cidade depois de anos de caos. O grupo derrotou uma aliança de amplamente odiados senhores da guerra, supostamente apoiados por Washington, durante meses de batalhas que deixaram centenas de mortos. A situação se assemelha à do Afeganistão antes do Taleban.