Não há mais comemorações do Dia do Trabalhador como antigamente. As próprias relações de emprego sofreram uma transformação – para pior – a ponto de convivermos no Brasil com a amarga chaga socioeconômica do desemprego.
Assim, a evocação do significado intrínseco dos avanços que construíram o patrimônio moral dos trabalhadores perde grande parte do sentido, porque se há muitos que conseguem manter seus empregos, um contingente cada vez mais expressivo de desempregados, especialmente nas regiões metropolitanas mais importantes do País, mas também espalhado pelos grotões, nada tem a comemorar.
Um dos ideais perseguidos, com tenacidade, pelos trabalhadores sempre foi a conquista de melhorias econômicas e sociais, enfim, aquela condição de dignidade que faz convergir os homens para a fruição do princípio da igualdade.
Um dos frutos tardios da modernidade, o profundo desequilíbrio econômico entre as classes afetou, sobremaneira, o relacionamento interpessoal, a tal ponto que grande parte da sociedade viu-se segregada das oportunidades oferecidas pela estrutura econômica, passando a compor a categoria dos excluídos.
As grandes manifestações de massa características do Dia do Trabalhador também ficaram no passado. São poucos os que ainda se concedem o desfrute de comparecer a uma convocação das lideranças sindicais, também elas inexpressivas e sem autenticidade, mesmo no 1.º de maio.
Os trabalhadores querem respeito, seguridade social e salários condizentes com sua capacidade de produzir riquezas. Infelizmente, não é esse o panorama observado nos últimos tempos, quando a precariedade do emprego e as mudanças pretendidas na legislação trabalhista agravam a sensação de incerteza de milhões de pessoas.
Sensação extensiva a aproximados 2,5 milhões de jovens candidatos ao mercado de trabalho, a cada ano, novos figurantes da aziaga procissão dos desempregados.