presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai testar sua eficiência na articulação política administrando os conflitos entre os aliados no primeiro desafio: a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, que já é alvo de disputa no PMDB. Ao mesmo tempo, Lula estará montando seu ministério e precisando contemplar os peemedebistas no governo. Com a maior bancada na Câmara, o PMDB reivindica o direito de indicar o presidente da Casa. Os deputados Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e o ex-ministro Eunício Oliveira (PMDB-CE) são os dois nomes que já articulam nos bastidores apoios para a indicação. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deseja ser reeleito o que já começou a provocar uma guerra entre deputados e senadores do PMDB.
A pretensão do PMDB em presidir as duas Casas não agrada ao governo, aos aliados nem à oposição. Lula ficaria refém do partido. Consciente desse obstáculo, Renan Calheiros trabalha nos bastidores para Lula convidar Geddel Vieira Lima para um ministério. Caso o PMDB não fique com a presidência da Câmara, o PT já vislumbra o cargo. O líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), é o nome mais citado. Aliados alertam o governo, no entanto, que a sucessão de Aldo Rebelo não poderá ser comandada de fora da Casa e lembram que para ser o presidente da Câmara o candidato tem de ter boas relações com os deputados e precisa dos votos para se eleger.
Nas regras da Câmara, o tamanho das bancadas é definido com o resultado das urnas para efeito de ocupação dos cargos de direção e as principais funções das comissões. No Senado, essa definição se dá com a diplomação dos senadores. O PFL elegeu uma bancada maior nas eleições, mas Renan Calheiros já dá como certo o crescimento da bancada em breve. Apesar disso, o PSDB e o PFL já abriram as conversações. No PMDB, Calheiros não tem adversários, mas a oposição não descartou a possibilidade de entrar na disputa pelo cargo.
O PSDB e o PFL ainda vão avaliar o quadro político e, se houver chance, poderão tentar o cargo. Nesse caso, até agora, os nomes mais citados são os dos senadores Marco Maciel (PFL-PE), considerado um político equilibrado tanto pelo governo quanto pela oposição, e do líder do PFL, senador Agripino Maia (PFL-RN). A opção Maciel tem sido interpretada como menos traumática para Lula. Seria uma forma de estabelecer um bom diálogo com a oposição e, ao mesmo tempo, rachar o PFL neutralizando o grupo do senador Antonio Carlos Magalhães e a ala de oposição mais radical ao Planalto. Resta saber se Renan Calheiros aceitará participar desse acordo e qual será a sua fatia de poder.