A médica Michelle Bachelet, socialista e mãe de três filhos, mas que jamais se casou, é a nova presidente da República do Chile, eleita em segundo turno, neste domingo, com cerca de 54% dos votos válidos. Uma legítima primeira dama.

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Pela quarta vez consecutiva a Concertación, coalizão de partidos de centro-esquerda e democracia-cristã, desde a queda do regime ditatorial chefiado pelo general Augusto Pinochet, elege o presidente, pela primeira vez na história do país, uma mulher.

O candidato derrotado por Bachelet, Sebastián Piñera, tido como um dos homens de empresa mais ricos do Chile, apoiado pelo partidos de direita, reconheceu a vitória da oponente logo após o início da apuração. Milhares de eleitores da vencedora saíram às ruas para festejar.

Com muitos êxitos na política econômica, o presidente atual Ricardo Lagos passará a faixa à sua ex-ministra da Defesa e deixará o La Moneda, o palácio quase destruído por ordem de Pinochet, onde depois centralizou sua sanguinária ditadura, com maior índice de popularidade do que tinha no início da administração.

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Os novos presidentes do Chile e da Bolívia, Michelle Bachelet e Evo Morales, somam-se aos presidentes da Venezuela, Argentina e Uruguai, Hugo Chávez, Néstor Kirchner e Tabaré Vasquez, respectivamente, numa virtual frente política sul-americana com efetiva capacidade de opor séria resistência aos ditados de Washington.

A nova presidente do Chile foi prisioneira do regime de Pinochet, ao lado da mãe, e seu pai, o general Alberto Bachelet – também preso por divergir do golpe – morreu em conseqüência das torturas.

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Todavia, Michelle jamais deu mostras de possuir perfil belicoso, assim como Morales, que acaba de concluir uma série de visitas a países importantes e a julgar pelos pontos de vista que expressou, nada tem do revolucionário prestes a detonar um Vietnã nas selvas bolivianas, repetindo a frustrada experiência de Che Guevara.

Espera-se desses novos chefes de governo, e dos demais, uma atuação voltada ao atendimento de carências básicas e históricas da população de seus países, tais como a adoção de políticas efetivas de distribuição de renda, respeito à cidadania e utilização das riquezas nacionais em benefício dos mais pobres.

Esse foi o real sentimento dos eleitores dos presidentes Evo Morales e Michelle Bachelet.