Prévia do IGP-M passa de deflação para alta de 0,82%

Rio – A forte aceleração de preços no atacado fez com que a segunda prévia do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrasse em janeiro a maior elevação em 18 meses. O indicador, usado para reajustes no preço do aluguel, subiu 0,82%, após registrar deflação de 0,06% em igual prévia em dezembro. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o resultado vai pressionar para cima a taxa completa do IGP-M de janeiro, que pode fechar o mês com aumento em torno de 1%. Em dezembro, o índice teve queda de 0,01%.

O período de coleta de preços para cálculo do indicador foi do dia 21 de dezembro a 10 de janeiro, muito parecido com o do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), anunciado essa semana e que foi apurado do dia 11 de dezembro a 10 de janeiro. "As taxas da segunda prévia e do IGP-10 de janeiro foram parecidas", comentou o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, lembrando que o IGP-10 subiu 0,84%. De acordo com ele, as mesmas altas de preços que pressionaram o IGP-10 continuaram a elevar a segunda prévia do IGP-M de janeiro.

O economista descartou a possibilidade de que a alta recente de indicadores inflacionários possa ter atuado como um "freio" à intensidade do corte que foi promovida pelo Banco Central na taxa básica de juros (Selic) ontem (18). "Acho que o Banco Central já tinha todos os elementos necessários para tomar a decisão pela redução da Selic (que foi de 0,75 ponto porcentual)", disse.

Na prévia anunciada hoje, a FGV informou que os preços no atacado subiram 1,03%, ante deflação de 0,30% na mesma prévia de dezembro. Foi o maior nível de inflação no atacado também em 18 meses. Entre os destaques de elevações mais intensas no atacado, da segunda prévia de dezembro para igual prévia em janeiro, está a aceleração dos preços agrícolas (de -0,03% para 2,10%), principalmente soja em grão (de -1,34% para 6,19%). "A soja está se tornando a `Bia Falcão’ da inflação", brincou o economista, fazendo referência à vilã interpretada por Fernanda Montenegro na novela "Belíssima", da Rede Globo, e lembrando que o produto também registrou elevação de preço intensa no IGP-10 de janeiro.

Mas o setor agrícola não foi o único responsável pela inflação alta no atacado. Houve ainda aceleração de preços dos produtos industriais (de -0,39% para 0,69%), pressionados pela elevação mais intensa em combustíveis e lubrificantes (de -2,57% para 1,99%), e a deflação mais fraca nos preços de ferro, aço e derivados (de -0,43% para -0,10%).

No varejo, os preços ao consumidor subiram 0,55% na prévia de janeiro, ante 0,40% em igual prévia em dezembro, em razão do aumento de preços dos cursos formais (1,28%), historicamente realizado nos primeiros meses do ano. Já os preços da construção civil passaram de 0,40% a 0,19%, da segunda prévia de dezembro para igual prévia em janeiro.

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