O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), conceituada instituição vinculada ao Ministério do Planejamento, trabalha com a hipótese de crescimento de 1,4% do PIB no 4.º trimestre, restringindo o cálculo da expansão acumulada em 2005 de 3,5% para 2,3%.
Também a meta para o próximo ano foi revisada pela instituição, baixando de 4% para 3,4%. Não há de parte desse importante auxiliar do planejamento governamental otimismo exagerado quanto à recuperação da economia como têm apregoado assessores íntimos do presidente.
A recuperação ideal da economia só virá como resultado da manutenção da trajetória declinante das taxas de juros, embora seja imperceptível no momento qualquer manifestação favorável à medida no âmago da equipe chefiada pelo ministro Antônio Palocci.
Segundo as contas refeitas por técnicos do órgão, o Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA), em 2005, vai passar de 5,3% para 5,7%. Ou seja, haverá leve aumento da taxa inflacionária em função do choque do petróleo. Para o ano que vem, o instituto prevê a queda do índice para 4,8%.
Um dos gargalos que limitou a 1,2% a expansão do PIB no 3.º trimestre, além da crise política, taxa de câmbio do real e juros nas alturas, foi o baixo desempenho da formação bruta de capital, calculada em 7,1%, mas com retração de 2,1% em relação a período igual em 2004.
Segundo o Ipea, esta é a forma de medir o nível do investimento produtivo, sendo que 60% da estimativa do capital bruto deriva da indústria da construção civil e 40% de máquinas e equipamentos. Na prática, a expectativa dos técnicos não se concretizou porque tanto a construção civil quanto a indústria não registraram desempenho favorável.
Apesar da boa-fé do presidente Lula em propagar que a economia voltará a crescer nos últimos meses do ano, à vista dos ajustes na política econômica, os técnicos do Ipea não esperam grande coisa.
Os estoques estão ajustados e as vendas crescendo na ponta, ao passo que há sinais de exaustão da crise política e da queda dos juros. Os dados são, porém, insuficientes para justificar a euforia por enquanto restrita ao superávit comercial, que salta de US$ 39,1 bilhões para US$ 44,4 bilhões.
