O presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Rolf Hackbart, avaliou hoje, em entrevista coletiva, que os movimentos sociais seguirão pressionando, por muito tempo, o governo federal pela realização da reforma agrária. "Eu não tenho dúvida nenhuma (de que as pressões vão continuar) porque tem muita terra e a vida é muito melhor no meio rural", disse, após participar da abertura, em São Paulo, de um encontro de representantes do Incra com prefeitos eleitos do Estado.

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Hackbart argumentou haver uma demanda histórica por terra no País, a ponto de, entre 1940 e 2004, todos os estudos sobre o meio rural indicarem continuidade da concentração de propriedade, em termos proporcionais. "A reforma agrária não foi feita no País e os dados mostram concentração da propriedade da terra ainda alta e, com essa concentração, não tem desenvolvimento econômico e social", analisou.

Além disso, ele entende que o fato de as pessoas quererem voltar a viver no meio rural também fomenta a pressão pela reforma. "É falso aquele raciocínio de que assentou, vai diminuir a pressão." Tal percepção de que a pressão por terras continuará não deveria resultar, entretanto, em manifestações como as ocorridas ontem, em Brasília, entre as quais membros do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) quebraram vidros da sede do Incra, segundo Hackbart. "Espero que com a forma de diálogo que o Incra tem e vários órgãos estaduais colocando na mesa quanto dinheiro têm, qual nossa capacidade de trabalho, deixando claro o que faremos, as manifestações não devem ocorrer", opinou.

Ele insistiu ainda que o Incra mantinha negociações com o MTL há mais de uma ano, mas "alguns setores e alguns movimentos se utilizam desses métodos para atingir não sei que objetivos". As críticas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de equívocos na condução da política fundiária do governo Lula e, ao mesmo tempo, que órgãos como o Incra e o Ministério do Desenvolvimento Agrário estimulam o "reivindicacionismo" também foram recusadas pelo presidente do Incra. "Trabalhamos com a realidade, com a demanda por reforma agrária e com a necessidade de desenvolver o meio rural", defendeu-se.

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