O presidente Lula tem contra si o fato de ser o mais criticado da história recente, pela leniência com que conduz a reforma ministerial. A favor, o outrora intimorato operador do sindicalismo emergente do ABC, conta com a indulgência de ser o que sofreu a mais encarniçada pressão partidária por vagas privilegiadas no primeiro escalão.

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Pode-se criticar o presidente pelo atraso do anúncio do ministério, que deveria estar pronto e revelado ao conhecimento da nação no dia da posse, mas é impossível negar que jamais outro presidente teve tamanha dificuldade na harmonização da heterogênea composição política, concebida com o fim precípuo de retalhar as regalias do poder.

A famélica base de sustentação política do governo federal é formada por onze partidos, provavelmente o maior conglomerado desse jaez jamais formado no País, sob a esfarrapada bandeira da coalizão governamental. E o principal requisito para ingressar no bloco não foi a vocação republicana de contribuir para a evolução dos níveis da qualidade de vida da população, mas a imperiosa vontade de amealhar ministérios com porteira fechada e cargos de mando nas empresas estatais.

O espetáculo dado pela maioria dos partidos da coalizão, cujo número de postos ministeriais e personagens indicados para ocupá-los ganhou exposição midiática que chegou às raias do deboche, caracterizando uma pletora de atitudes dignas do mais medíocre maniqueísmo, para dizer de outra forma, exibindo a chaga mais aberta da política contemporânea.

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Desagrada profundamente ao expectador crédulo das boas intenções da gestão federal a amordaçada reação do presidente Lula, que em determinados momentos de sua crassa inabilidade para conter o ímpeto da brigada voluptuosa e fisiológica chegou a proclamar sua inapetência para ocupar-se de assunto tão desgastante. Faltou ao presidente, e nisso todos hão de concordar, firmeza resoluta de comando, enfim, ordem numa casa onde todos vociferam e ninguém tem razão.

Temendo o pior, o rompimento inevitável das tênues amarras que enlaçam a tal coalizão, o PT pretende conquistar seguidores da tese que abraçou, qual seja, a de deixar ao presidente a prerrogativa de resolver o imbróglio.

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