A greve de fome dos presos do Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes entra hoje no quarto dia. Os detentos alegam que só vão encerrar o movimento se suas reivindicações forem atendidas. Já temendo pela morte, alguns grevistas escreveram cartas de despedida para suas famílias, recomendando inclusive o que gostariam que fosse feito com o próprio corpo.

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Os detentos reclamam das chapas de aço, tela e vidro colocados nas janelas das celas. Eles alegam que isso impediu quase que totalmente a entrada de ar e até impossibilita saber se é dia ou noite

O relacionamento dos funcionários com os detentos da unidade é outra reclamação dos grevistas. Segundo os presidiários, falta diálogo com os agentes e diretores e qualquer reivindicação, como atendimento médico, é ignorada e tratada como ato de indisciplina.

No documento entregue ao JT, os detentos defendem a manutenção de vínculos afetivos, como o beijo e o abraço em seus familiares nos dias de visitas. Os grevistas entendem que isso é um direito da população carcerária e está previsto na Lei de Execuções Penais (LEP).

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Os presos se queixam também das colocações de uma tela e de vidros grossos no parlamento de visita. Essa medida estaria isolando ainda mais os sentenciados e seus familiares. Por estarem sobrepostos à tela, os vidros não podem passar por limpeza. Com isso, o parente não consegue enxergar direito o detento e vice-versa.

Os vidros estariam prejudicando o diálogo de presos e visitantes. Um não pode ouvir o outro. As crianças têm de gritar para falar com os pais. Para os parentes, a proibição do contato físico nos encontros esporádicos no parlatório trouxe transtornos emocionais às crianças.

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Dos 58 presos do CRP, 44 continuam em greve de fome. Os grevistas estão passando por avaliações médicas diárias. Segundo a direção do CRP, nenhum detento teve alteração no quadro de saúde. A Secretaria da Administração Penitenciária ressaltou ontem que não vai se manifestar sobre o assunto.