Para ampliar a política do governo do Estado de ressocializar presos, a Secretaria da Justiça e da Cidadania e a Associação Paranaense de Reabilitação (APR) assinaram nesta quinta-feira (05), na Prisão Provisória de Curitiba, localizada no bairro Ahú, um termo de cooperação que permite a utilização da mão-de-obra dos detentos na fabricação de cadeiras de rodas. ?Nós estamos dando aos presos aquilo que eles perderam lá fora: a disciplina do trabalho?, declarou o secretário da Justiça, Aldo Parzianello. Segundo ele, nada adianta as leis e regras se não existe esta forma de disciplina nas penitenciárias. ?Sentir-se útil levanta a estima, tanto a nossa como a dos presos?, completou ele.
O termo de cooperação tem validade de um ano ? podendo ser renovado ? e cerca de dez detentos da prisão do Ahú participam do projeto. Eles cumprirão uma jornada de trabalho diária de 6 a 8 horas e receberão R$ 42,00, por cada cadeira de roda. O trabalho consiste no corte e costura de assentos, encosto e montagem das rodas de aproximadamente 150 cadeiras por mês.
Segundo o presidente da APR, Carlos Massuda, a associação atende cerca de 240 crianças deficientes, em regime de escola, e 50 pessoas que freqüentam o local diariamente. Para intensificar este trabalho, foi criada uma fábrica ortopédica, onde são fabricados vários produtos como cadeiras de rodas, muletas, andadores, mesas ortopédicas, entre outros. ?Temos uma demanda de 500 cadeiras por mês e esta é uma importante ação social, pois vamos baratear os equipamentos que necessitamos?, afirmou o presidente. Para ele, uma só frase explica toda essa ação solidária: ?Nós estamos reabilitando os presos e eles ajudando a reabilitar as nossas crianças?.
A Associação Paranaense de Reabilitação foi criada em 1º de maio de 1958, nos mesmos moldes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), pelo Lions Clube de Curitiba.
Ressocialização
O diretor da Prisão Provisória de Curitiba, major Raul Leão Araújo Vidal falou que além da remissão da pena, os presos também estarão aprendendo uma profissão. ?Eles estão melhorando sua situação prisional, pois a cada três dias de trabalho, eles terão um dia de remissão da pena. Além disso, eles estarão mais aptos para o mercado de trabalho?, explicou. O major Raul ainda disse que esse projeto também é uma forma dos detentos ?pagarem? à sociedade o ilícito que cometeram, principalmente por ser um projeto que atende à população carente e necessitada. ?A política do governo do Estado é promover toda e qualquer ação que possa beneficiar e reeducar o preso. Hoje temos mais de 90 projetos na Prisão Provisória de Curitiba como cursos, escolas, oficinas de trabalho, entre outros? acrescentou ele.
O coordenador geral do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen), Honório Olavo Bortolini, destacou a importância de convênios como este. ?Nós seguimos a orientação do governo Requião de oferecer aos detentos educação e profissionalização. E com a parceria firmada hoje vamos beneficiar tanto os deficientes físicos como os presos?, observou. Bortolini acrescentou que a administração estadual tem buscado apoio de empresas e entidades que tenham interesse em atuar também dentro das prisões, aproveitando a mão-de-obra qualificada nesses locais.
Detentos
Para o detento Francisco Bosso, de 57 anos, este projeto vai ajudá-lo e muito. ?É uma boa a gente fazer este trabalho, pois vai ajudar com a remissão da pena e com as crianças que necessitam?, comentou.
É o que pensa também Rodrigo Cristiano de Almeida, 25 anos. ?É uma boa poder ajudar quem precisa. Fazer o bem para quem necessita, daqui de dentro, é uma boa opção pra gente?, falou. Almeida também comentou sobre a oportunidade que vai ter com este trabalho, em relação a remissão da sua pena, e os benefícios que isso vai trazer para à sua vida. ?Estou aprendendo várias coisas aqui. Tem coisas que eu não sabia que eu poderia fazer e aprendi. Estou dando mais valor a tudo isso?, finalizou ele.