Presos da Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, começarão a produzir livros didáticos e de literatura em braile, destinados a crianças cegas, alunas da rede pública de ensino. A iniciativa, inédita no Brasil, foi concretizada com a assinatura de termo de cooperação entre as secretarias da Educação e da Justiça e Cidadania, realizada nesta quinta-feira (22).
?Esse projeto é inédito no Sistema Penitenciário Brasileiro. Ele consiste na inclusão social dos cegos e da possibilidade de reintegrar o preso à sociedade enquanto cumpre sua pena?, disse o secretário da Justiça e da Cidadania, Aldo Parzianello.
O secretário da Educação, Maurício Requião, disse que a parceria segue a filosofia do governo do Estado na ressocialização dos presos. ?Parzianello teve, em sua gestão, cuidado especial com a educação?, comentou, citando programas de escolarização e culturais instituídos em penitenciárias paranaenses.
Ampliação ? O programa já é desenvolvido na Penitenciária Estadual de Maringá (PEM), onde são foram produzidos 102 livros em braile, 1.153 matrizes em relevo para matérias como anatomia, geografia, maquetes e, nesta semana, foi lançada a produção de 52 CDs com histórias de literatura infantil. São os chamados livros-falados, cuja narração, trilha sonoro e edição são feitas pelos presos. Nessa atividade, os detentos têm a pena reduzida em um dia, a cada três trabalhados. Conforme previsto no termo entre as duas secretarias a Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC), deve começar a produção dos materiais em 2006.
De acordo com a chefe do Departamento de Educação Especial, da Secretaria da Educação, Angelina Matiskei, a ampliação da produção do material para alunos cegos, deve suprir ?praticamente a demanda de 100% da rede pública de ensino do Estado?. ?Numa segunda etapa, será realizada a produção dos livros-falados que poderão estar disponíveis nas bibliotecas públicas do Estado?, complementou.
Os secretários visitaram a oficina onde será confeccionado o material, com impressora para braile e computadores. Parzianello anunciou que irá propor à Copel e à Sanepar que as três penitenciárias envolvidas no projeto façam as contas de consumo em braile.