Brasília – Representantes dos ministérios da Educação e da Justiça iniciaram nesta quinta-feira (1), no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, a elaboração do diagnóstico do nível educacional dos 130 presos, primeiro passo para a formulação de um projeto-piloto de educação dos que se encontram no chamado regime diferenciado.
O diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos do ministério da Educação, Timothy Ireland, explicou que a visita desta quinta-feira foi "tanto para conhecer o presídio como para conversar sobre o tipo de projeto a ser implantado, as dificuldades, o processo de montagem e a proposta pedagógica".
Segundo Ireland, cinco agentes penitenciários foram treinados para trabalhar como agentes de leitura e para cuidar da biblioteca levada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, dentro do programa Arca das Letras.
A biblioteca tem 250 livros, escolhidos sob orientação do Ministério da Educação, e as estantes foram fabricadas por detentos das penitenciárias de Petrolina (PE), Fortaleza (CE), Mossoró (RN), Vila Velha (ES), e Chapecó e Curitibanos (SC), onde o projeto já foi instalado.
A coordenadora de Ensino do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, Rosângela Peixoto, informou que ainda é preciso traçar estratégias para a realização do projeto educacional. Mas destacou que os presídios federais já contam com espaços reservados para aulas.
A oferta de ensino nos presídios, ressaltou a coordenadora, é um dever do Estado: ?Acho que é papel da União estar junto, pensar que esse é um dever do Estado e um direito do preso ? mesmo o preso em regime diferenciado".
O projeto educacional deverá ser implantado ainda neste mês. E a chegada da biblioteca ao presídio federal, para o diretor do Depen, Maurício Kuehne, "é uma maneira de os detentos ocuparem melhor seu tempo, com acesso a uma literaturade adequada nas horas de lazer".
Hermy Januário da Silva, de 40 anos, tem formação superior em agronomia e história. Ele cumpre pena de seis anos em Petrolina, por assalto e formação de quadrilha. E destacou: ?Quando estamos lendo, nos sentimos no universo dos personagens. A leitura é importante, porque o cara não vai estar mais se envolvendo com as drogas e nem com as brigas que ocorrem com freqüência aqui no presídio?.
Os presos terão acesso a obras nas áreas de literatura brasileira e estrangeira, saúde, cidadania e auto-ajuda. O programa Arca das Letras já implantou 2,6 mil bibliotecas em comunidades rurais e escolas agrícolas.
*colaborou Renato Aguiar, de A Voz do Brasil