Preso homem que intermediava teleconferências entre presos

O Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) prendeu, em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, o responsável por vender números de série de telefones celulares para presos e por gerenciar teleconferências entre detentos de presídios de todo o Brasil. Jefferson Frank Spagnuolo, 32 anos, tem, na sua lista de clientes apreendida pela polícia, nomes como Marcos Camacho, o ?Marcola?, líder de uma facção criminosa paulista, e de seu irmão mais novo, conhecido como ?Marcolinha?.

Na casa dele, foram apreendidas agendas e diversos registros com nomes de presos e valores em dinheiro que levarão a polícia a prender outras pessoas que sustentam, do lado de fora, os criminosos que já estão presos. ?O trabalho de inteligência da Polícia Civil paranaense é incansável. Estamos usando todas as nossas forças para desmontar as peças que sustentam o crime organizado dentro dos presídios. Os policiais do Cope estão fazendo um trabalho invejável que ajuda na segurança de todo o país?, disse o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.

Jefferson foi preso na sexta-feira passada (02), por volta das 6h30, em sua casa, na cidade de Pinhais. Segundo o delegado Rodrigo Brown de Oliveira, que comandou a ação, a polícia chegou a Jefferson depois de prender doze integrantes de uma quadrilha que cometia crimes contra funcionários públicos no Paraná. Com um mandado de busca e apreensão, a polícia invadiu a casa de Jefferson e lá apreendeu uma pistola calibre 635, 22 aparelhos celulares e o computador em que eram feitas as clonagens de linhas e o gerenciamento das teleconferências entre os presos.

De acordo com o delegado, Jefferson admitiu que conseguia os números de série através de outras quadrilhas responsáveis por captar essas informações em aeroportos de todo o país. Depois disso, ele fazia contato por telefone com os presos e vendia as informações. ?Os presos possuem grande conhecimento técnico da programação dos celulares que, muitas vezes, apenas os operadores das empresas de telefonia têm. Por isso, era só passar o número de série que o restante os presos faziam?, disse. Segundo o depoimento de Jefferson, ele vendia no mínimo duas linhas telefônicas para presos de todo o país por dia. Cobrava R$ 25 por número de série. ?Ele disse que, se tivesse dez números de série, venderia todos no mesmo dia?, explicou o delegado.

Além de vender os números, Jefferson também é acusado pela polícia de gerenciar teleconferências entre os presos de todo o país. ?Ele passava o dia em sua casa, na frente do computador servindo como um braço técnico do crime organizado?, disse.

Com Jefferson, foram apreendidas diversas agendas, registros e nomes de presos que, agora, serão investigadas pela polícia paranaense. ?Já vimos que ele tem DDD de todos os estados, nomes de presos, presídios, anotações de valores. Isso nos ajudará a entender melhor a dinâmica do crime organizado e também levará a colocar atrás das grades outras pessoas soltas que sustentam os criminosos presos?, disse o delegado.

Jefferson é nascido em Santos (SP) e já tem passagem pela polícia por roubo. Agora, ele será indiciado pelos crimes de porte ilegal de arma, estelionato (por fraudar os sistemas das operadoras de telefonia), receptação e formação de quadrilha.

Histórico 

A prisão dele é um desdobramento das investigações que colocaram atrás das grades 12 integrantes de uma quadrilha apontada como responsável pelos assassinatos de um técnico da Justiça Federal e do filho adolescente de um agente penitenciário, em Curitiba. A mesma quadrilha é acusada de tentar matar, com dois tiros nas costas, um policial civil em Foz do Iguaçu e jogar uma granada contra um módulo policial em Curitiba. Na seqüência das investigações, o Cope prendeu Marcelo Claudino da Cruz, 27 anos, apontado como o principal fornecedor de armas e munições para a quadrilha. Todas as prisões foram feitas nos últimos 20 dias.

?Essas prisões são resultados de troca de informações entre os departamentos de inteligência da Polícia Federal e da Polícia Civil. A PF deu início às apurações e repassou o caso para a polícia estadual. Esta parceria é extremamente importante para a luta contra o crime organizado?, explicou o secretário da Segurança.

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