O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou nesta segunda-feira (12) a produção de etanol em larga escala, afirmando que ela tem limitações "técnicas e éticas". Semana passada, seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou um memorando com o presidente americano, George W. Bush, para promover a produção de etanol e disseminá-la pela América Latina. Na Jamaica, a caminho ao Haiti Chávez pediu às nações latino-americanas para que utilizem suas terras produtivas para plantar alimentos, e não combustíveis.
Chávez, que promove uma viagem pela América Latina e o Caribe para rivalizar com o giro de Bush pelo continente, manifestou dúvidas diante da viabilidade da produção de etanol em larga escala. O etanol competiria com o petróleo da Venezuela, que é um dos maiores produtores do mundo. "Saibam vocês que só a Venezuela produz três milhões, ou um pouco mais, de barris de petróleo diários. Para produzir três milhões de barris de etanol por dia, acho que teríamos de plantar milho e cana em todo o território existente no mundo, inclusive nas cidades", disse Chávez.
"Nós estaríamos usando as terras férteis que temos disponíveis, a água, que não é muita, tecnologia, maquinaria, fertilizantes, etc, para produzir alimentos, não para o povo, mas para os carros dos ricos", afirmou. "Quero dizer à Colômbia, Brasil, Jamaica, e a todos os países irmãos, com muita humildade, que utilizemos nossas terras para produzir alimentos para o povo. Na América Latina e no Caribe, há cerca de 300 milhões de famintos" acrescentou.
Chávez disse que falará, "o mais rápido possível", com Lula sobre o assunto. Bush e Lula assinaram sexta-feira, em São Paulo durante a primeira escala da viagem do americano pela América Latina, um memorando de entendimento para incentivar o uso do etanol. As produções de etanol dos EUA e Brasil juntas representam 73% do total produzido no mundo.