"Processaremos qualquer ataque gratuito e infundado. O PT merece respeito". Essa foi a reação do presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, diante das declarações do senador cearense e presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, que no sábado (18), durante a convenção estadual do PSDB no Ceará, acusou a gestão petista de ter montando esquema de "roubo organizado, sistematizado dentro do Palácio do Planalto". Hoje (20) Berzoini passou o dia em Recife, onde participou de reuniões com a cúpula petista pernambucana na tentativa de dar uma injeção de fôlego à candidatura do secretário nacional do PT, Humberto Costa, na disputa pelo governo estadual.
Informado por assessores sobre as declarações do líder tucano, Berzoini foi duro. "Não vamos abrir centenas de processos, mas vamos pegar os mais significativos para dar o exemplo. E, nesse caso, não podemos deixar passar em branco. Afinal, trata-se de uma liderança partidária que deveria ter mais cuidado com o que fala. Não iremos aceitar calúnias de forma alguma. Quando éramos oposição sempre fizemos uma fiscalização dura, mas nunca negamos o direito de defesa", avisou o petista.
Em tom irônico, Berzoini aproveitou para mandar um recado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Eu fico satisfeito que ele não pare com as críticas. A melhor coisa para o presidente Lula é a população ter bem presente o que foi a tragédia trabalhista, econômica e social do presidente Fernando Henrique Cardoso. Felizmente no nosso governo conseguimos reverter o caos econômico. Portanto, toda comparação para nós é bem-vinda", sentenciou.
Diante da perspectiva das denúncias contra o PT se transformarem no principal mote de campanha dos adversários, o líder petista tentou minimizar o assunto, mas reconheceu que o partido "não poderá fugir a esse debate". "Temos que assumir o que de fato ocorreu: financiamento irregular de campanha e caixa 2 e combater a versão que tucanos e pefelistas tentam sustentar que é a versão de um grande esquema de corrupção dentro do governo", justificou.
Mesmo diante do clima de campanha que já começa a tomar conta do primeiro escalão do governo federal – com as reiteradas declarações em favor da oficialização da candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Berzoini insistiu em desconversar sobre o tema. "Muito embora todos nós tenhamos convicção que ele será candidato, a palavra do presidente deve prevalecer em termos de definição. Por isso, apesar de muita gente já querer falar sobre coordenação de campanha, marketing e assuntos desse tipo, teremos que esperar pelo menos até o fim de março", avaliou.
Questionado sobre uma eventual preferência em torno dos nomes dos dois tucanos que brigam internamente pelo apoio da legenda para disputar as eleições presidenciais – José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente o prefeito e o governador de São Paulo – o petista foi evasivo. "A pior coisa que tem é escolher adversários. Por isso, neste momento preferimos cuidar das questões internas do partido, conversar com todos aliados possíveis e trabalhar para que as definições possam nos favorecer", afirmou para em seguida completar", concluiu.