Presidente Lula pede oposição apenas em 2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs ontem aos adversários uma convivência "civilizada" nos próximos quatro anos, ao menos para aprovar a proposta de reforma tributária que não conseguiu negociar no primeiro mandato. Depois de uma semana de discursos contraditórios, com pedidos de trégua e ataques ao PSDB, ele assegurou tratamento igualitário a todos os governadores. Só não mencionou a reforma previdenciária, que divide até os aliados. "Se alguém quiser fazer oposição a mim, faça na eleição de 2010, quando não serei candidato", afirmou. "E, se eu tiver de fazer oposição a algum governador, também vou deixar para 2010.

Em almoço com 16 governadores e dois vices eleitos, todos aliados, ele ressaltou ter boa relação com os dois principais presidenciáveis tucanos para 2010, José Serra, que vai assumir o comando de São Paulo, e Aécio Neves, que terá um segundo mandato em Minas. "Sou amigo de todos", afirmou no pronunciamento aberto à imprensa. "A nossa relação com Serra e Aécio é histórica, de 30 anos, não é uma relação de 30 dias ou de uma eleição." Lembrou, porém, que "quando um não quer dois não conversam".

Lula admitiu que as reuniões com os governadores no primeiro ano de mandato não deram em nada. "Tentamos no primeiro mandato. Chamamos os 27 governadores, fizemos as propostas de reforma tributária e da Previdência, depois vieram as eleições municipais. Aí a coisa começou a desandar", disse. "Desta vez, quero dizer para vocês, se quiserem correr de mim, podem preparar as canelas, porque estou fisicamente melhor que em 2002 e vou correr atrás de vocês.

Ele sugeriu que o melhor é todos se aturarem, especialmente quem vai deixar o cargo em 2010, para garantir a aprovação de projetos de interesse dos dois lados. "Certo ou errado, estamos aqui, eleitos", afirmou. "Tenho de olhar a necessidade do povo do Estado, e não se me dou bem ou não com o governador. Isso não está mais em jogo, isso acabou na disputa do mês de outubro." Segundo Lula, todos sofrerão um "baque muito grande" se não tentarem um diálogo pelo desenvolvimento e pelas reformas no segundo mandato.

Ao chegar para o almoço, o presidente disse que estava disposto a conversar com todos os "civilizados" do PFL e do PSDB, sem citar nomes. "Só não vai conversar quem não quiser", afirmou. "Quem for civilizado e fizer política civilizada terá espaço para uma boa conversa. Quem não quiser terá de respeitar o direito de silêncio dos outros.

Já no almoço, Lula disse que vai conversar com os senadores tucanos Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE). No primeiro mandato, Virgílio ameaçou na tribuna do Senado dar uma "surra" no presidente. Tasso, por sua vez, afirmou que Lula institucionalizou a corrupção. Anteriormente, o presidente classificou os dois de "nervosos".

Lula foi aplaudido no almoço ao dizer que queria ser chamado pelos governadores nos momentos de crise, e não nos dias de festa. "Seremos parceiros no enfrentamento das dificuldades", afirmou. O presidente chegou a dizer que terá com o governador do Rio, Sérgio Cabral, a melhor relação possível entre o governo federal e fluminense desde a chegada de D. João VI ao Brasil.

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