O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é a favor do diálogo sobre o programa nuclear de seu país, mas não irá suspender o enriquecimento de urânio antes das negociações, disse o secretário-geral da ONU, Koffi Annan, após encontro com o líder iraniano. "Sobre a questão nuclear, o presidente reafirmou para mim a prontidão e compromisso em manter negociações" com as potências ocidentais para encontrar uma solução para o impasse sobre as atividades nucleares de Teerã, disse Annan.
Contudo, Ahmadinejad "reiterou que não aceita a suspensão antes das negociações", acrescentou o secretário-geral da ONU em entrevista coletiva à imprensa conjunta com o ministro de Relações Exteriores do Irã, Manoucher Mottaki. Ahmadinejad também reafirmou seu apoio à resolução da ONU sobre o Líbano, que inclui medidas para evitar o rearmamento do Hezbollah, segundo Annan.
Ahmadinejad não participou da entrevista, mas a tevê estatal iraniana citou o presidente, dizendo que ele estava pronto para negociar, mas que o ônus estava sobre os países ocidentais para reparar as relações com Teerã. "A confiança do Irã foi corroída durante os últimos três anos", teria dito o presidente em referência à data de quando as negociações com as potências ocidentais sobre o programa nuclear do país foram rompidas. "Eles (o ocidente) devem tentar ganhar nossa confiança para resolver a questão", disse Ahmadinejad.
O encontro de Annan com o presidente iraniano ocorreu no último dia da visita de dois dias do secretário-geral da ONU a Teerã. A visita foi programada depois do Irã ter ignorado o prazo dado pela ONU para suspender seu programa nuclear no final de agosto, abrindo caminho para o Conselho de Segurança considerar sanções contra o país para reforçar as demandas das potências ocidentais. A lentidão de Teerã de dar uma resposta ao pacote de incentivos oferecido em junho levou o Conselho a aprovar, no dia 31 de julho, uma resolução exigindo a suspensão do enriquecimento de urânio em 31 de agosto.
O ministro de Relações Exteriores Mottaki disse que o Conselho emitiu a resolução "sob pressão dos EUA e do Reino Unido" e descreveu isso como um "erro", e "uma marca negra para eles".