Presidente dos Estados Unidos marca com Lula reunião paralela ao G-8

Os presidentes George W. Bush e Luiz Inácio Lula da Silva deverão tratar dos entraves à Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) na próxima segunda-feira, em São Petersburgo, à margem da reunião do G-8, o grupo das economias mais ricas do mundo acrescido da Rússia. O encontro reservado foi solicitado na manhã de hoje pela própria Casa Branca.

O pedido confirmou, em princípio, o apoio da administração Bush à proposta de Lula de resolver as principais pendências agrícolas e industriais da Rodada por meio de compromissos dos líderes das nações mais influentes na OMC. A insistência do presidente brasileiro rendeu outro ganho. O governo russo concordou em incluir os entraves nas negociações da OMC na agenda do almoço oficial, também marcado para o dia 17.

Com essa decisão, a Rússia superou o embaraço diplomático de ser a anfitriã do encontro de cúpula do G-8 e das cinco economias em desenvolvimento convidadas (Brasil, China, Índia, México e África do Sul), mas não ser membro da OMC. Em processo de adesão à organização, Moscou não terá autoridade para tratar da Rodada Doha nesse evento.

Pontualmente, o que se espera obter em São Petersburgo é um claro compromisso dos Estados Unidos de fazer um corte mais profundo no total dos subsídios concedidos a seus agricultores – superior à redução de 54%, oferecida em outubro de 2005 – e de aceitação de disciplinas mais severas para essas subvenções. Na última reunião da OMC, nos dias 30 de junho e 1º de julho, em Genebra, os negociadores americanos mantiveram-se sob a estrita orientação de Bush de não avançar nessa proposta, o que levou o encontro de Genebra ao fracasso e sinalizou com o possível colapso de toda a Rodada.

Nem mesmo os sinais da União Européia de que poderia elevar os cortes de tarifas de importação para bens agrícolas de 39% para 51% demoveram os americanos. A sinalização do Brasil de que poderia acentuar a abertura de seu mercado industrial tampouco provocou avanços no lado americano.

A resistência dos Estados Unidos será o ponto central das discussões reservadas entre Bush e Lula, assim como no almoço entre os líderes do G-8 e das economias em desenvolvimento. Em pleno processo de campanha eleitoral, para a renovação de parte do Legislativo, o presidente Bush necessita de claros e substanciais compromissos sobre a abertura dos mercados agrícola e industrial no mundo para defender qualquer corte profundo nos subsídios aos agricultores – sem o risco de perder sua ampla base de apoio no Congresso.

Bird

Por enquanto, os debates entre os 13 líderes sobre a Rodada Doha se restringirão a esse almoço e aos encontros bilaterais paralelos à G-8, entre os dias 15 e 17. Mas essas oportunidades já provocaram expectativas elevadas em outros atores da cena internacional. O presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, enviou no último dia 7 cartas a todos os 13 chefes de Estado que estarão em São Petersburgo, com um apelo para cada um preparar-se para "realizar compromissos e confirmar suas promessas".

O presidente Lula deverá desembarcar em São Petersburgo no fim da tarde de sábado, dia 15, quando terá apenas um jantar privado. No domingo, manterá encontros com líderes dos países em desenvolvimento, entre os quais o presidente do México, Vicente Fox. Em princípio, também seria recebido pelo anfitrião, o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Seu embarque de volta ao Brasil deverá ocorrer na tarde de segunda-feira.

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