Brasília – O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marco Aurélio Mello, disse hoje (12) que os eleitores brasileiros não deveriam escolher o voto nulo como forma de protestar contra os recentes escândalos políticos, envolvendo integrantes do Executivo e do Legislativo. "O voto nulo é um desserviço à sociedade", afirmou. "O direito ao voto é para ser exercitado de forma consciente", declarou. "Se a Constituição prevê o voto obrigatório, não é, evidentemente, o voto que equivale a zero. É o voto que possa influenciar na escolha", disse.
Marco Aurélio acredita que a divulgação de irregularidades como caixa 2 de campanhas eleitorais tem um efeito pedagógico que poderá reduzir essas práticas. "Como as coisas estão aflorando, a tendência é haver uma inibição em relação a desvios de conduta Agora, a priori, é muito difícil você afirmar que vai realmente afastar do cenário qualquer ato que discrepe do que normalmente ocorre", opinou.
O presidente do TSE disse que o eleitor tem de estar informado sobre os candidatos. "Acho que tudo que vem à tona serve para um desempenho maior da parte do eleitor. Ele deve estar muito bem informado e aí examinar o perfil do candidato, a vida pregressa do candidato e chegar às suas conclusões", disse. Marco Aurélio explicou que caberá ao Ministério Público e aos partidos políticos denunciarem durante as eleições eventuais atos que possam representar abuso de poder econômico.
Indagado se seria o caso de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser investigado, Marco Aurélio respondeu que não sabia. Ele observou que no seu discurso de posse na presidência do TSE, ocorrido na semana passada, não se referiu especificamente a um agente político. "Eu me referi no plural, a agentes políticos", disse.
Sem citar nomes, Marco Aurélio afirmou no discurso da semana passada que o Brasil se tornou um país do faz-de-conta. "Perplexos, percebemos, na simples comparação entre o discurso oficial e as notícias jornalísticas, que o Brasil se tornou um país de faz-de-conta", disse na ocasião. Segundo ele, o País passa por "tempos muito estranhos" quando, por exemplo, a notícia de indiciamento de autoridades tornou-se banal.