Presidente do STJ polemiza ao dar entrevista para uma rádio

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, afirmou em entrevista à rádio CBN Manaus, na sexta-feira (10), que no Brasil existe uma "justiça PPV, para pobre, puta e veado". Questionado pelo entrevistador de por que a justiça no Brasil "só existe para pobres", Vidigal confirmou: "Concordo plenamente: é a justiça do PPV, para pobre, puta e veado. São as pessoas mais discriminadas na sociedade, as minorias, isso acontece porque essas pessoas não têm defensores. Os ricos, os mais endinheirados, que têm advogados, não vão para a cadeia: eles conseguem escapar dos processos porque a lei no Brasil é tão emaranhada, tão cheia de confusão, que é preciso de gente muito especializada para enfrentar essa selvageria que é nossa legislação processual".

A declaração polêmica do presidente do STJ foi ao ar na sexta-feira, ao vivo, e hoje pela manhã. A entrevista, de 12 minutos, foi dada pelo ministro após reunião, na sexta, do Conselho da Justiça Federal, que esteve reunido em Manaus.

O entrevistador, radialista Ronaldo Tiradentes, questionou sobre o fato de um amazonense ter sido condenado à pena de morte na Indonésia, "também um país pobre, mas onde a Justiça funciona", mesmo com o pedido do presidente Lula para que fosse revista a questão da pena máxima. "Mas há pouco tempo tentaram soltar uma pessoa presa por pedofilia no Brasil, e eu disse a um embaixador deste país que no Brasil esse crime é hediondo e ele iria continuar preso", disse. "Agora a luta no Brasil é para estimular a criação de defensorias públicas, em favor de quem não tem condições de contratar advogados".

Durante a entrevista, Vidigal foi questionado se seria candidato ao governo do Maranhão. "Sempre me questionam, mas falta o Maranhão querer isso. Não tenho tempo para pensar em política, quando vou ao meu Estado é para dormir, brincar com meus netos e tomar caipirinha com os amigos".

O ministro afirmou ainda que devem ser abertas 50 novas varas no Brasil, várias delas para a região de fronteira na Amazônia, que Vidigal chamou de "o eixo do mal", por conta do tráfico de drogas.

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