Presidente do Senado considera irresponsável proposta de Severino sobre juros

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou hoje que é irresponsável a proposta do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), de acabar com a exclusividade do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a fixação das taxas de juros é irresponsável.

Calheiros disse que todos desejam conviver com um patamar de juros mais civilizado, mas ressaltou que isso tem que ser feito responsavelmente. "Você não pode solapar a competência do Banco Central, da equipe econômica. É importante envolver cada vez mais o Congresso nesse debate, mas você não pode trazer a definição da política monetária para o Congresso, que é o centro da oscilação política", afirmou.

Ontem (27), o presidente da Câmara propôs que o presidente do Banco Central compareça ao Congresso para explicar as decisões do Copom, principalmente em relação ao aumento da taxa de juros. Severino pretende criar uma comissão para estudar o assunto e propor soluções. "Inclusive, se possível for, retirar do Copom a competência de, isoladamente, conceber o aumento da taxa de juros", afirmou em nota. Para Renan, essa proposta pode acarretar um aumento ainda maior da taxa de juros.

Mesmo sendo contra a proposta de Severino, o presidente do Senado defendeu o aumento do número de representantes no Copom. "Você poderia aumentar o número de representantes do Copom, colocando pessoas do setor produtivo, ou seja, oxigenando a discussão internamente, colocando novos interlocutores. Mas substituir Copom pelo Congresso, não."

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa de juros de 19,25% ao ano para 19,5% ao ano. Foi a oitava alta consecutiva. Entre os "riscos de curto prazo", o Banco Central cita a "persistência de focos localizados de pressão na inflação corrente e a deterioração no cenário externo, com os preços do petróleo em níveis elevados e a possibilidade de permanência de condições voláteis nos mercados internacionais de capitais". Por esses motivos, a autoridade monetária deixa aberta a possibilidade de voltar a elevar os juros na reunião de maio e ressalta que continuará a "acompanhar atentamente a evolução do cenário prospectivo para a inflação até a sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na estratégia da política monetária implementada desde setembro de 2004".

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo