Presidente do Paquistão chega amanhã ao Brasil

O Brasil recebe, a partir de amanhã, sua primeira visita de um alto dignitário do Paquistão. O presidente daquele país, Pervez Musharraf, desembarca no fim da tarde de amanhã no Rio de Janeiro, acompanhado de sua mulher, Sehba, para uma visita oficial de quatro dias. Ele deverá encontrar-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira. Na terça-feira, abre um seminário empresarial Brasil-Paquistão em São Paulo e visita a Embraer. Em seguida, viaja para a Argentina.

A visita do presidente paquistanês à América do Sul faz parte de sua estratégia de dar visibilidade ao país, que busca retomar a normalidade após mais de meio século de conflitos territoriais com a vizinha Índia – com quem, aliás, o Mercosul está prestes a assinar um acordo comercial. A Índia é uma das prioridades da política externa brasileira e uma das aliadas do Brasil em sua campanha por um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

O Paquistão não dará seu apoio ao Brasil nessa questão e acha que a reforma da ONU deveria contemplar mais cadeiras rotatórias, em vez de ampliar o número de cadeiras permanentes. Por outro lado, Brasil e Paquistão são hoje membros temporários do Conselho de Segurança e coincidem na maior parte das questões disse o diretor do Departamento de Ásia e Oceania do Itamaraty, embaixador Edmundo Fujita.

Além disso, Musharraf foi um dos participantes do Encontro de Líderes Mundiais para a Ação contra a Fome e a Pobreza, realizada em Nova York no dia 20 de setembro. O Paquistão também é integrante do G-20, o grupo de economias exportadoras de produtos agrícolas que tem no Brasil uma de suas lideranças.

Do ponto de vista comercial, porém, a relação com o Brasil é muito pequena. O comércio entre os dois países soma perto de US$ 50 milhões e oscila muito, segundo informou o embaixador brasileiro no Paquistão, Fausto Godoy. Basicamente, o Paquistão compra açúcar do Brasil quando sua safra quebra. Um dos objetivos da visita é justamente mapear outras áreas em que os dois países podem cooperar e fazer negócios.

Uma delas é o etanol. O Brasil tem como estratégia aumentar a rede mundial de fornecedores de etanol, para que os demais países adotem o combustível em sua matriz energética. Como o Paquistão já produz cana-de-açúcar, o governo brasileiro oferecerá a possibilidade de transferir-lhe tecnologia de produção do álcool.

Ainda na área de combustíveis, a Petrobras poderá oferecer sua tecnologia de extração de petróleo em águas profundas. Segundo Godoy, o Paquistão possui reservas de petróleo que ainda sequer mensurou. Sabe-se, porém, que o óleo se encontra em sua maioria no mar, em águas profundas. Essa é a especialidade da Petrobrás.

O Brasil vai oferecer, ainda, sua tecnologia em automação bancária. O Paquistão privatizou recentemente seu maior banco e o setor financeiro passa por uma fase de modernização.

Os paquistaneses estão interessados no algodão. Eles são especialistas em produzir tecidos com algodão de fio longo, enquanto o Brasil produz algodão de fibras curtas. Eles querem uma associação para pesquisas conjuntas na área.

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