São Paulo – O presidente do Nucleos – Instituto de Seguridade Social Marcos Elias, admitiu hoje, em São Paulo, que, entre agosto de 2003 e julho de 2005, o fundo de pensão dos funcionários de estatais de energia nuclear perdeu R$ 36,7 milhões em operações irregulares, mas evitou relacionar tais perdas com as suspeitas de que os recursos tenham sido direcionados para abastecer o sistema de corrupção denunciado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Correios. "Por dever de ofício, apuramos os indícios de gestão temerária da direção anterior do fundo e descobrimos que houve essas perdas. Não temos a menor idéia de qual seria a contraparte envolvida ou do que foi feito com o dinheiro perdido", disse.
O Nucleos – Instituto de Seguridade está entre os investigados pela CPI e que poderiam, com operações supostamente fraudulentas, ter provido com dinheiro as contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser o operador do pagamento de dinheiro para deputados, supostamente, votarem a favor do governo.
O Nucleos ingressou hoje com uma ação indenizatória na 22.ª Vara Federal no Rio para cobrar o prejuízo de R$ 36,7 milhões do ex-presidente Paulo Roberto Almeida Figueiredo e dos ex-diretores-financeiro Gildásio Amado Filho e de Benefícios Abel de Almeida.
Ao assumir a presidência do fundo, em agosto, o novo presidente do Núcleos – Instituto de Seguridade Social disse que a Secretaria de Previdência Complementar (SPC) do Ministério da Previdência Social fiscalizava as ações da entidade e que a atuou por má-gestão.
Ao mesmo tempo, a nova direção do Núcleos contratou a empresa de auditoria KPMG para averiguar as suspeitas de desfalque. A contratada identificou que o fundo perdeu cerca de R$ 22,7 milhões com a compra superfaturada de títulos públicos. Outros R$ 7 milhões foram perdidos com a quebra do Banco Santos e ainda mais R$ 7 milhões se foram em transações no mercado de derivativos sem a correta análise técnica.
Elias relatou também, no encontro organizado pela Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp), que houve operações financeiras que prejudicaram, diretamente, o fundo.
"Venderam papéis da Petrobras e compraram ações da Universidade Luterana do Brasil", relatou, para exemplificar o que ele considera gerência prejudicial ao fundo.