O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá pedir o arquivamento da comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Lula. Na semana passada, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) conseguiu 34 assinaturas para a criação de uma CPI encarregada de investigar as relações entre o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, e a família do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O requerimento deverá ser considerado sem validade por Calheiros, sob o argumento de que não trata de um fato específico.
O destino da CPI do Lula será decidido, provavelmente, amanhã (25). O presidente do Congresso pediu à assessoria jurídica do Senado a análise detalhada da solicitação, que foi assinada somente por senadores de oposição. Calheiros quer ter argumentos jurídicos para enterrar o pedido de criação da comissão. A aliados, ele confidenciou que não pretende arcar sozinho com o ônus de arquivar a CPI do Lula. Calheiros também não está disposto a transferir a decisão sobre o destino da CPI para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, hoje comandada pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O presidente do Congresso quer evitar valorizar demais ACM, principalmente num ano eleitoral.
"Essa CPI vai morrer na origem porque não tem um fato determinado. O requerimento é muito frágil", afirmou hoje o senador Tião Vianna (PT-AC). Apesar de terem assinado o requerimento, os oposicionistas admitem que a nova comissão tem por objetivo desgastar o governo. Reconhecem ainda que, dificilmente, a CPI irá à frente nas investigações sobre as relações de Lula com Okamotto. O requerimento apresentado na semana passada lista cinco fatos para serem apurados pela CPI, no prazo de seis meses. A CPI do Lula quer apurar a violação do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o "Nildo", pela Caixa Econômica Federal (CEF). Propõe também que seja investigada a relação entre o presidente do Sebrae e Lula. Okamotto, que foi tesoureiro de campanhas petistas e é amigo de Lula, teria pago uma dívida de R$ 29.400,00 dele com o PT. O requerimento prevê ainda a apuração da relação de Fábio Luiz Lula da Silva, filho do presidente, com a Telemar. A empresa de telefonia comprou ações da Gamecorp, que é de propriedade de Fábio Luiz Lula da Silva, por R$ 5 milhões.
A nova comissão quer ainda apurar o eventual tráfico de influência de familiares do presidente. O requerimento cita o caso de um irmão do presidente, Genival Inácio da Silva, mais conhecido como "Vavá", que teria tentado intermediar demandas de empresários em estatais. Por último, o requerimento da CPI do Lula quer investigar a origem e o destino dos US$ 100 mil encontrados na cueca do ex-assessor parlamentar José Adalberto Vieira da Silva, em 2005. Vieira da Silva era assessor do deputado José Nobre Guimarães (PT-CE), irmão do ex-presidente nacional do partido José Genoino.