O clube é modesto, mas seu presidente, Marco Antonio Franzato, é para lá de ambicioso. Bem-humorado, ele não esconde o fato de ser corintiano – ele e mais os outros dois dirigentes torcem pelo Corinthians -, mas diz que, no nomento, só pensa no bem do Cianorte. Abastado e um dos mais influentes empresários da região, investe em várias áreas, é dono da maior rede de confecções da cidade, tem lojas, um luxuoso hotel, uma escola e desde fevereiro de 2002 resolveu se aventurar no futebol.
"Nós vamos nos classificar na Copa do Brasil e vou manter o grupo para a Série C, você vai ver", afirmou, confiante, após ser questionado sobre o possível desmanche da equipe. "E ainda vou contratar reforços", acrescenta.
Franzato tira do próprio bolso dinheiro para pagar parte das contas. Ele explica que o Cianorte recebe mensalmente cerca de R$ 60 mil e gasta R$ 78 mil, sendo R$ 50 mil na folha de pagamento do time profissional, R$ 20 mil para a comissão técnica e R$ 8 mil com os dois times das categorias de base e em outras despesas. "Minha intenção agora é aumentar a receita e acho que isso é possível."
A primeira medida é convencer os torcedores a se tornarem sócios do clube, desembolsando R$ 50 mensalmente. Em troca, ganham uma camiseta e o direito de assistir de graça aos jogos do time na cidade – não há qualquer outro benefício, afinal não há sede e, portanto, piscinas, quadras e coisas do tipo. O projeto leva o nome de Amigos do Leão (o time é conhecido como Leão do Vale do Ivaí). "Nosso objetivo é atingir mil pessoas, o que nos daria 50 mil a mais todos os meses", disse o dirigente.
Deficitário, o Cianorte acredita poder sair dessa situação apenas por ter vencido o Corinthians, por 3 a 0, no jogo de ida da Copa do Brasil. "Indo mais à frente na competição então…" comenta Franzato, que busca elevar também o valor dos patrocínios na camisa do time, vendidos atualmente a três empresas da cidade.
"Hoje, recebemos R$ 14 mil aproximadamente, mas já acho que o espaço vale, no mínimo, R$ 25 mil", acredita. "Mudamos de patamar. Éramos desconhecidos e deixamos de ser, todo mundo tem de compreender isso."
Parte da torcida teme que a partida de quarta-feira esteja acertada e alguns chegam a acusar o dirigente de ter feito acordo para entregar o jogo à equipe paulista. Lembram para reforçar a tese que Franzato, o vice-presidente, Carlos Roberto Marcato, e o diretor de Futebol, Luiz Carlos Bersani, são corintianos. "Sou mesmo, e daí?", admite o presidente do Cianorte. "Só que dessa vez estou do outro lado, quero ver é falarem isso depois do apito final, quando nos classificarmos", desafiou.
O primeiro estímulo aos jogadores já está garantido caso o time se consagre em São Paulo – R$ 50 mil, contou um atleta. Pela classificação na primeira fase da Copa do Brasil, sobre o Cene-MS, ganharam R$ 25 mil, mais aproximadamente R$ 25 mil pela vitória sobre o Corinthians em Maringá.